Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2006

A OPA, a Casa... e a Arte

O tema de hoje, ou melhor; os temas de hoje, são um contributo de CMS e referem dois temas em voga na Terra Estranha. De um lado, o génio da finança, o ponta-de-lança do capital, o guru do Norte e, por outro lado, algo que tem a ver com muitos tugas que por aí andam preocupados se o Benfica ganha ou perde, nomeadamente o pagamento de um tecto para habitação condigna, direito inalienável da Terra Estranha e garantido pela Constituição.
[pausa para gargalhadas sonoras e limpar os olhos das lágrimas que brotaram em catadupa]
Bem, agora que já passou a crise de riso, vamos lá aos textos:

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Já descobri...O Belmiro quer que as cores da PT sejam o branco leitoso e o azulado. E como consegui saber o segredo mais bem guardado dos últimos quinze dias?

Fui ao dicionário de Língua Portuguesa 6ª edição da Porto Editora e li que opa é uma "espécie de capa sem mangas mas com abertura para enfiar os braços, usada pelos membros de irmandades e confrarias em actos solenes". Este primeiro passo autoriza a pensar que a opa que a comunicação social anda a falar todos os dias não será porque o Belmiro - homem que não é dado a graças -queira que os membros que dirigem a PT se apresentem com uma capa para não sujar os fatos e se assim é só pode ser referente a uma palavra mais comprida, que pela lei do menor esforço foi reduzida. Podia ser opacidade mas...opaco, sombrio...não, não é! O Belmiro nada tem a esconder e se tivesse o Público divulgaria de certeza. Só pode ser opalino que é o que brilha como a opala, que tem côr leitosa e azulada.

Cá está! Adepto confesso do FCP (é visto com alguma frequência com adornos azuis e brancos nas Antas e/ou Dragão) o Belmiro quer que tudo em Portugal seja a seu gosto. muito bem! Já mostrou ao País e aos Portugueses que querer é poder e que, portanto, a sua vontade é a vontade dos portugueses (penso que ele concorda que só são alguns portugueses)

Se um indivíduo, seja ele quem fôr, rico, muito rico, milionário, bilionário, seja quem fôr que, publicamente diz aos Representantes da Soberania do seu próprio País que não tem tempo a perder com eles, mas que condescende ouvi-los às tantas horas do dia tal é capaz de tudo. Até de arremessar OPA's com hostis, ameaçadoras, o que se quiser, desde que seja desagradável.

E como foi assim que vejo o assunto, conjugado com o ruído que as caudas dos mamíferos fazem nos lugares adequados para o efeito começo a acreditar que, talvez, o Belmiro admita que pode lançar uma operação em que fique com a PT como, aliás, ficou com outras coisas, isto é, fica com algumas coisas.

Tal como o Prof. Marcelo tentou explicar na RTP o que era uma OPA eu, cidadão de categoria social indefinida, fiz um esforço mental para entender que, se eu quero comprar um bem não preciso ter dinheiro, basta-me dar a garantia de que vou vender esse bem, depois fazê-lo, pagar ao banco o empréstimo que serviu de garantia e ficar com a mais-valia resultante da diferença entre o que eu disse que pagava e aquilo que irei receber com a venda.

O Prof. Marcelo aproveitou a ocasião para dizer que a ideia partiu do Presidente português do Banco espanhol e o Belmiro não viu inconveniente em assumir o projecto como seu.

Para quem me leia quero pôr bem claro e sob palavra de honra que nada tenho contra o Belmiro, não conheço o Belmiro, não invejo o Belmiro, quero que Deus lhe dê muitos anos de vida ; mas como cidadão deste rectângulo, cumpridor das suas obrigações, pai e avô sinto-me insultado pelas espertezas saloias do Belmiro quando desrespeita gravemente a soberania do Estado, quando desrespeita os portugueses trabalhadores com afirmações presunçosas como as proferidas num programa de televisão, onde afirmou que nas empresas dele quando os empregados se estavam a habituar à alcatifa iam para o armazém, quando requer o apoio do Estado para os investimentos que depois reclama como seus como muito bem se viu em Tróia confesso que, não é só a revolta que sinto perante semelhante personagem, é a certeza que tenho que o atraso deste País se deve a ele; é a certeza que a falar apenas e só a verdade o Portugal de Belmiro de Azevedo se resume a uns tantos supermercados, a umas escassa centenas de trabalhadores pagos a cinco reis de mel cuado ao bico e ao nome do patrono numa revista internacional de gente rica.

Já afirmei várias vezes que as tentativas frustradas de Belmiro de Azevedo para ser banqueiro talvez fossem formas de se equiparar a um ídolo que, por pouco, não foi patrão dele. Estou a referir-me ao falecido António Champalimaud que em princípios da década de 70 do século passado ia comprando a banca com sede no norte, a começar com o Cupertino de Miranda tendo em 2º lugar o Banco Pinto Magalhães. Era o que, na altura, constava.

Não fora a oposição do governo de Marcelo Caetano e o negócio tinha sido concretizado. E falei de ídolo porque, segundo consta, o Champas terá comprado o Sotto Mayor com o dinheiro do próprio Banco. Fala-se que quem conhece bem o assunto é a família Espírito Santo que se terá sentido indignada porque a sinalização para a compra veio dum empréstimo que o Champas contraiu no Espirito Santo, dando como garantia as acções Sommer, acções que, anos mais tarde, obrigou a uma disputa judicial, com fugas para França, etc. Mas quem sabe bem deste último assunto é o Proença de Carvalho.

Ora, branco é galinha o põe: a OPA do Belmiro é a compra do Sotto-Mayor não a um proprietário, mas em Bolsa e o Banco não é o Espírito Santo mas o Santander. Há, no entanto uma grande diferença: o Espírito Santo não sabia da esperteza e o Marcelo (o Caetano, obviamente) uns anos mais tarde não permitiu outra do mesmo género. Desta vez e segundo o Marcelo (o Rebelo de Sousa, está claro) o Santander é que apresentou a jogada e o José (o Sócrates, concerteza) vai achar que o País está mais moderno graças ao Belmiro.

O lugar à pôpa do navio europeu que Portugal mantém com uma consistência digna de apreço não se deve aos empresários residentes mas antes aos trabalhadores que nunca perceberam que a fábrica, a empresa ou organização só é rentável e, portanto, produtiva quando os trabalhadores levarem para casa ao fim do mês o orgulho de terem contribuído para mais uma OPA do Belmiro.

Termino com um pensamento de Seneca : "O que as leis não proibem,pode proibir a honestidade"
UNQUOTE

E o outro texto aqui está:

QUOTE
O Arrendamento e a Colecção Berardo

O venerando Jorge Tomás - perdão - Jorge Sampaio, Presidente da Republica de Portugal (reparem que não digo Portuguesa, única e simplesmente porque sou cidadão português) aceitou os argumentos do Governo Ratiforme - Liberal para promulgar a Lei das Rendas em linguagem tout-court como é conhecida toda a linguagem que é praticada por quem frequenta o Largo do Rato em Lisboa. Quero esclarecer que um governo ratiforme nada tem a haver com esse Largo mas, antes, porque se apresenta e comporta como o tartaranhão que é uma ave de rapina, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa 6ª edição - Porto Editora.

A Lei das Rendas não agrada, pelo que temos lido, a ninguém.

Não agrada aos senhorios, porque, estes, entendem que 4 ou 4,5% de rendimento pelo espaço que disponibiliza é pouco porque têm que pagar impostos e que, portanto, com tão pouco rendimento, não se sentem encorajados a investir neste Mercado. Têm toda a razão do Mundo, mas não é despropositado perguntar quem foi que lhes pediu para investirem? De qualquer modo é estranho porque o Amorim da cortiça não quer outra vida, senão arrendar, (basta ler o caderno do imobiliário do Expresso) e não consta na praça que o Amorim considere alguém a não ser ele PRÓPRIO; não agrada aos inquilinos, porque já sendo proprietários não querem abrir mão do andar de dez assoalhadas nas Avenidas arrendado pelo avô há tempo suficiente para duas substituições da canalização, uma delas ele ainda lá vivia. Grosseiramente, será o que está em jogo.

Agora, parece que, o arrendamento depende dos rendimentos dos inquilinos o que, a ser bem compreendido pelos cidadãos, poderá começar a revolução de 1974 que ficou retida em Santa Apolónia nas comemorações da chegada a Portugal do Representante Legal do Czar e seus acompanhantes e isto porque aconteceu que muito boa gente aprendeu a ver aquilo que em todos os países de mundo se chama roubo.

Então o valor que deve ser atribuído ao rendimento de qualquer bem ou serviço não depende do valor que esse bem ou serviço tem?
Depende dos rendimentos do comprador?

Porque é que não se tem a coragem de dizer com firmeza e autoridade que os povos tendem a não tolerar os entes que vivem exclusivamente de rendas? Porque não se tem a coragem para entregar aos senhorios os andares arrendados por tuta e meia a gente que vive confortavelmente em apartamentos de luxo de sua propriedade?
Porque é consentido que um andar de 1930 seja proposto para arrendamento tendo por calculo o valor dum mesmo espaço ainda em construção? Porque não se diz, com toda a clareza, que Portugal é um País pobre em tudo e não apenas para justificar o gamanço?

Veja-se um exemplo acabado de gamanço, de desfaçatez e despudor: o "investidor" Berardo anda à rasca com a conservação das peças de arte que foi comprando com a mais valia decorrente dos rendimentos de capital que pratica um pouco sobre todo o tecido económico de Portugal e pensou que Portugal podia fazer-lhe o favor de pagar a manutenção das peças contra o "orgulho" de exibir um pouco de arte contemporânea cujo interesse é muito limitado no que diz respeito a visitas. Não custa nada lançar o "barro à parede" embora seja incontestavelmente uma atitude tuga.

E qual foi a resposta do Governo Ratiforme - Liberal ? Foi do melhor que se tem visto nos últimos 15 anos.

O Chefe Liberal empatou o tuga Berardo enquanto um serviço ratiforme alinhavava um protocolo em que dava ao tuga a possibilidade de não mais se preocupar com a colecção de arte. E de que maneira...e de que maneira? Apenas isto : o tuga Berardo doava a colecção a um Museu qualquer onde o governo ratiforme tenha mão.

Termino com Samuel Butler : "se no mundo houvesse mais tolos que velhacos, os velhacos não teriam de quem se aproveitar para viverem"
UNQUOTE

Para finalizar, à laia de um texto a publicar em breve com o tema HIPOCRISIA, recebi um e-mail sobre uma publicidade censurada e proibida nos E.U.A.. Muito rapidamente, o primeiro slide tem uma fotografia da Brooklin bridge com as torres em chamas de fundo e um individuo sentado na ponte com um cartaz a pedir ajuda porque é HIV positivo. A legenda diz:

“2863 pessoas morreram. Há 40 milhões de infectados pelo vírus HIV no mundo. O mundo uniu-se contra o terrorismo. Já se deveriam ter unido contra a SIDA”.

A segunda foto é idêntica excepto que desta vez está sentada uma criança. A legenda diz o seguinte:

“2863 pessoas morreram. 824 milhões de crianças passam fome em todo o mundo. O mundo uniu-se contra o terrorismo. Já se deveria ter unido contra a fome”.

A terceira foto é idêntica às anteriores excepto que desta vez está sentado um sem-abrigo. A legenda diz o seguinte:

“2863 pessoas morreram. 630 milhões de sem-abrigo no mundo. O mundo uniu-se contra o terrorismo. Já se deveria ter unido contra a pobreza”.

Este anúncio passou uma vez na MTV e depois foi censurado pelo Governo Americano.

Depois digam-me se o ser humano não é um animal estranho!! É que se aparecer na televisão tipo filme do Rambo a morte de um punhado de individuos é chocante mas se aparecer a “morte lenta” a que milhões dos nossos semelhantes estão votados isso já não interessa.... não tem acção. É uma mera estatística!

Para conclusão:
“It has been said that man is a rational animal. All my life I have been searching for evidence which could support this.”
Bertrand Russell (1872 - 1970)

“I have discovered that all human evil comes from this, man's being unable to sit still in a room.”
Blaise Pascal (1623 - 1662)

“I think that God in creating Man somewhat overestimated his ability.”
Oscar Wilde (1854 - 1900)


MS
(ostres.s33@sapo.pt)
publicado por GERAL às 15:10
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