Quarta-feira, 8 de Março de 2006

EDP

Portuguesas e Portugueses...

Dirijo-me a todos na qualidade de cidadão português (grande azar o meu!), residente nesta Terra Estranha e trabalhador/contribuinte.

Como podem verificar, no parágrafo anterior, é só desgraças: ser português, viver em Portugal, trabalhar em Portugal e contribuir em Portugal.

Bem, adiante... Li e ouvi a “fantástica” notícia que o Grupo EDP teve os maiores lucros de sempre de uma empresa portuguesa, cerca de 1.071 milhões de euros. Eu acho isso óptimo. Aliás, esse devia ser o objectivo de todas as empresas, mesmo a tabacaria que todos nós temos na zona onde moramos. Este tipo de notícias deveriam motivar a Nação, realçar o que de melhor existe neste povo para, em breve, ser Portugal o motor da Europa, quiçá do mundo.

Fiquei agradado por um lado, surpreendido por outro e muito desagradado por outro lado ainda. Agradado porque não são só empresas estrangeiras que conseguem estes resultados. Sim, porque já todos estamos habituados a que a empresa JHFDSYFKJSYTF Inc. International. apresentou lucros de X.XXX milhões de euros. Já temos as nossas empresas que fazem o mesmo. Boa!

Surpreendido porque foi preciso ser uma empresa que detém 100% do mercado, sem concorrência portanto, que o consegue o que pode pressupor que apenas as empresas portuguesas de domínio de mercado é que se safam e que as restantes, a funcionar em mercado aberto, não têm hipóteses de conquistar seja o que for em termos de margem de mercado. Desagradado, finalmente, porque abaixo dessa notícia vinha uma outra sobre o Grupo EDP que dizia que no último ano a EDP teria reduzido os recursos humanos em cerca de 2.008 trabalhadores.

Ora, na minha perspectiva, a maneira que as empresas portuguesas têm para dar lucro é de três formas: por dominância absoluta de mercado, por redução de pessoal de forma selvática ou pelas duas em conjunto.

Se fizermos um pequeno exercício matemático, vejamos quanto custam 2.008 trabalhadores:

1 – por norma as empresas “correm” com os mais baratos e com alguns mais caros (acordo prévio, pré-reforma, etc)

2 – considerando que o salário médio em Portugal está na ordem dos 780 euros mas como estão algumas chefias intermédias eu apontaria para um salário médio para estes 2.008 perigosos bandidos (sim, é assim que as empresas olham para quem trabalha) de cerca de 1.000 euros mensais.

3 – pelos dois pontos acima, o valor mensal total para os tipos seria de 2.008.000 de euros.

4 – pelo valor referido em 3, e multiplicando por 14 meses, termos 28.112.000 de euros.

5 – Ergo, o lucro do Grupo EDP, se tivesse consciência do seu papel social e do benefício geral que 2.008 postos de trabalho representam seria “duramente” afectado. Passaria de 1.071 milhões para o “preocupante” número de 1.043 milhões de euros.

Estarei a ser cínico? Absolutamente! É que de facto o bem estar de 2.008 famílias sai muito caro! De facto o futuro de 2.008 famílias sai caro! De facto a coesão social e o crescimento da nossa sociedade sai caro!

MS
publicado por GERAL às 17:54
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De RdS a 10 de Março de 2006 às 17:16
Realmente, é extraordinário. Isto é que é gestão. Mas o importante foi despedir selváticamente as pessoas, sobrecarregar outros com o trabalho (sim porque quem saí, normalmente estava a fazer alguma coisa que tem de continuar a ser feita)e aumentar ingnóbilmente os preços da electricidade.

Se isto é gestão, então eu também sou capaz. Aumentar à brava os preços e não me preocupar porque não existe alternativa é o máximo, é o sonho de qualquer empresário. Aliás, ainda não percebi o que é que o governo regula. Provávelmente nada.

RdS
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