Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2006

Há dias e dias

Ora muito boa tarde,

Hoje nenhum dos S’s está inspirado e, como tal, o texto será curto.

Estive eu hoje a almoçar e na tertúlia de debate surgiu, para variar, os problemas da Terra Estranha e dos seu habitantes. Estávamos nós a debater o papel dos trabalhadores quando foi indicado que algo está errado nisto e que algo tem de ser feito, nomeadamente no que concerne:

Os trabalhadores deixaram de ser um recurso da empresa. Isto é dizer que, ainda na década de 80, afirmava-se que os funcionários eram um recurso fundamental da empresa. A solidez dos seus Recursos Humanos (RH) reflectia-se na solidez da empresa face ao mercado. Contudo, se isso era assim, actualmente os RH são vistos como meros consumíveis das empresas. É a filosofia do “mastiga-e-deita-fora”, da substituição selvagem de um recurso da empresa em nome de uma mais valia financeira do momento. E isto porquê?

a. Em primeiro lugar, começou por se confundir produtividade com margens de lucro. Numa selvática (sim, não tem outro nome) campanha de marketing global, um grupelho de economistas e gurus do management começaram a dizer que as empresas produtivas tinham margens de lucro fabulosas e que isso só se conseguia com redução de custos, essencialmente custos de pessoal.

b. Em segundo lugar, a existente classe política – eles mesmos funcionários dessas empresas – permitiram que o ónus da degradação social provocada por massas de desempregados caísse sob a alçada do Estado, não por achar que Estado desempenha, de facto, esse papel mas sim porque isso era conveniente ao segmento patronal que, em última análise, são também os patrões da classe política.

c. Em terceiro lugar, o papel social das empresas foi totalmente posto de lado em nome do lucro. Eu não tenho nada contra o lucro, bem pelo contrário, mas tenho tudo contra as teorias da economia de que o mercado se auto-regula e tudo contra a destruição do papel social de qualquer entidade organizada.

Aquilo a que assistimos actualmente é uma degradação completa e total do Estado social e da organização da sociedade, em paralelo com uma constante degradação da própria força produtiva interna das organizações. Deixa de existir uma cultura interna e passa a existir uma cultura de margem de lucro, pura e dura.

Muito há para dizer ainda sobre isto (e prometo que a ela voltarei em breve) mas depois de olhar à volta apetecem duas coisas: ou o assassínio directo dos cretinos, ou o suicídio... e eu até gosto de viver, o que me limita as opções.

MS
publicado por GERAL às 17:46
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