Sexta-feira, 31 de Março de 2006
Dois em Um!
Amantes da terra estranha, Saudações!
Hoje saí dose dupla, um mal nunca vem só, aqui ficam dois textos, aparentemente, sem relação, mas só aparentemente!!!!......
Incongruências da Terra Estranha.
Estou confuso com as notícias económicas que veiculam pela terra estranha, existe uma incongruência (in)explicável nisto tudo.
Ouvimos, lê-mos e vê-mos por todo o lado que: estamos em crise, a economia arrefeceu brutalmente nos últimos anos, para sairmos da crise é preciso tomarmos medidas drásticas, agilizar o desemprego, quer dizer, o emprego, criar condições para competir no mercado global, estamos a perder competitividade, não somos produtivos, etc, etc, etc.
Mas na página ao lado, lê-mos e ouvimos, igualmente, notícias com: lucros recordes, Investimentos avultados, OPAs, EBITAs fantásticos, fusões, aquisições, crescimentos de quotas de mercado, and so on, and so on
Queixamo-nos que o nosso mercado é pequeno, somos marginais, de expressão ridícula (até parece que o Dinamarquês é grande), que existe muita concorrência (é pena, ainda, não ter conseguido arranjar outro fornecedor de energia eléctrica, a culpa deve ser minha, sou pitosga não consigo ver a imensa concorrência que existe neste sector), que existem demasiadas regalias para os trabalhadores e ordenados principescos (só se for em comparação com África), que os nossos impostos são uma loucura (curiosamente temos alguns impostos, IRS e SS, abaixo da média da EU daí a loucura desenfreada dos últimos governos em querer aumentar taxas e impostos).
Também, temos uma das maiores desigualdades salariais da Europa, com um dos custos mais baixo da EU em formação e em Investigação & Desenvolvimento, com o desemprego a acompanhar em passos rápidos o exemplo Europeu, com a maior taxa de propensão para o consumo low cost (bom, não é só o consumo que é low cost, os meios de produção laborais também são), entre outros bons exemplos.
Contraditoriamente, os bens e serviços são vendidos a preços Europeus, nunca se viu tantos automóveis de topo de gama a circular pelas nossas estradas (é quase difícil encontrar carritos de média ou baixa gama), as novidades electrónicas batem recordes de consumo, as casas estão a preços de palácios e as mais caras são as primeiras a ser vendidas, helicópteros-aviões-barcos particulares começam a ser mato, até já temos um tuga inscrito para a primeira viagem turística ao espaço
Afinal, em que é que ficamos? Há ou não crise?
Pois é, a verdade é que, se há ou não crise, continua a ser um dos grandes mistérios... eu diria mesmo, um autêntico mistério da fé, uma vez que é absolutamente necessário ter muita fé para manter a sanidade. Ora por falar em sanidade, cada vez é mais certo que os tugas têm um comportamento mais errático face à crise e ao verão.
Existe uma escola de pensamento que diz que os tugas ainda estão deslumbrados pelo relógio digital e como tal existirá uma relação directa entre crise e verão. Contudo, existe uma outra escola de pensamento que diz que um dos erros crassos dos tugas tem a ver com a descida das árvores. Perante tal dicotomia estético-prosaica, a reacção da malta em tempo de crise é aproveitar o tempo de verão para esquecer os problemas e fingir que está tudo bem. E qual é a resposta óbvia para tal? O regime dietético
Corpos 100%.
Estamos a chegar àquela época do ano conhecida pela designação de Corpos Danone, passe a publicidade, a obcecação pela gordura, ou melhor, pela eliminação da gordura no corpito atinge o seu auge.
Começam as dietas, é a corrida aos ginásios, às piscinas, ao Estádio Nacional para uns crossesitos, a banha é para abater, o músculo e a alimentação equilibrada entram nos léxicos do nossos dia-a-dia. Em duas palavras: QUEREMOS EMAGRECER!
E para quê?
Para ir-mos para a praia, para usarmos calções / saias, T-Shits apertadas de onde sobressai (entre outras coisas) os mamilos, sem vergonha das banhas que durante o resto do ano escondemos sobre quilos de roupa, enfim, com a ilusão de podemos ficar esbelto(a)s como as estrelas das passereles e do cinema.
Mas, agora pergunto eu, e o resto do ano, não conta?
Parece que não! No resto do ano dedicamo-nos à comezaina, a enfardar e a espreguiçar. De repente chega a Primavera, tocam os alarmes
É chegada a hora do desespero, toca a entrar na linha! Durante dois árduos meses (é o tempo que, normalmente, dura esta excitação) trabalhamos afincadamente para perder umas gramitas e ganhar uns musculozitos. Depois chegam as férias, regressa a normalidade: Viva os Humburgueres, venha daí a cervejola e os gelados!
Pois, mas para quem se está nas tintas para a linha, esta altura do ano é terrível, normalmente acabo sempre por ouvir: essa barriguinha, hein? está um bocado para o grande, e que tal fazer um exerciciozito, hein? Só te fazia bem!
Acontece que eu não estou muito interessado em fazer parte do rol de modelos esculturais que se vão pavonear para a praia ou para outro lado qualquer. Gosto de um pouco de banhinha, é fofinho e redondinho. Nunca tive pachorra para aqueles corpos translúcidos, tipo espinha de peixe. Nem gosto de roer ossos, não sou cão, gosto de ter, de ver e de sentir carne. Afinal sou humano.
Portanto não entendo esta loucura das dietas e do exercício físico nesta altura do ano, se for um hábito, interesse saudável, ao longo do ano, compreendo e concordo, há que manter a linha. Mas, sazonal?
Até porque não se fica em forma em meia dúzia de semanas, nem é por se deixar de comer durante um mês, que se vai ficar mmmmuuuuiiiiittttooooo mais magro e esbelto. Aliás, a beleza é subjectiva, há gostos para tudo.
Tenho uma teoria para a explicação desta excitação sazonal, acho que é um tipo de alergia aos primeiros raios de Sol, enquanto o corpo e a mente não se habituam ao calor e à intensidade da luz solar, o cérebro entre em desvario alucinante e provoca estas reacções, a maioria delas inúteis, depois, gradualmente, a sanidade (e a gordura) vai regressando ao normal.
Pronto, chega, isto foi um massacre.
RdS e MS
Quinta-feira, 30 de Março de 2006
A Reacção.
Caros bloguistas!
Apesar deste blog ter por objectivo o escárnio e a má-língua, dizer mal, por vezes, é um bem necessário, hoje vou contrariar esta tendência e dizer bem. Pior, vou dizer bem do inimaginável do governo!
Com isto espero ser polémico e suscitar reacções, de todo o tipo e multipartidárias, quantas mais melhor, gostava de perceber se os terra estranhianos ainda possuem, como os Franceses, vontade de ir à luta
Realmente este governo tem surpreendido, pelo menos eu, que mantenho uma certa ingenuidade saudável (deve ser da idade), admito que tenho sido frequentemente surpreendido pelas múltiplas e continuas medidas que têm vindo a lume na terra estranha.
Em quase todas as áreas e sectores de actuação da vida pública, com grande reflexo na vida privada, temos vindo a assistir a uma avalanche de novidades e de inovações, sem precedentes. Estes senhores não param, se há coisa de que não podem ser acusados: é de não terem feito nada.
Vejamos alguns exemplos:
- Ataque às fraudes fiscais e da Segurança Social;
- Implementação do tudo na hora empresas, licenças, patentes,
- Cartão único, bom acho que devia dizer cartões únicos, pelo que percebi vão ser mais do que 1: para o carro, para as finanças, para a saúde,
- Atracção de empresas e capitais estrangeiros;
- Reforma da administração pública, algo há muito pedido por todos os seres deste país;
- Flexibilização de processos na Administração Pública e derivados;
- Criação de pólos tecnológicos e aposta na investigação;
- Aplicação de medidas rigorosas de gestão, seja na educação seja na saúde;
- Internetizar serviços e burocracia;
- Implementação de critérios de avaliação dos funcionários públicos;
- Mexidas nas reformas, regalias e vencimentos;
- Até o Benfica já vence jogos (esta não resisti).
Há muito mais, mas não me apetece continuar, isto é só uma listagem, sem qualquer juízo de valor. Aliás, é esse mesmo juízo de valor que quero despoletar, mas, para variar, da parte do leitor porque dos que aqui têm contribuído, já nós vimos, aplaudimos e, espero, que continuemos a ver.
Que resultados vão sair destas medidas todas? O que vamos ganhar com isto (como país e como indivíduos)? Vamos finalmente sair do buraco em que nos metemos desde D. Manuel? (para quem não sabe, foi com ele que começou o despesismo, a megalomania (até criou um estilo arquitectónico) e o desbaratar de oportunidades (esta deixo, talvez, para outro artigo)).
RDS (ostres.s33@sapo.pt)
Quarta-feira, 29 de Março de 2006
O Quotidiano.
Cumprimentos aos incautos leitores deste blog!
Hoje não venho falar nem em política nem em gestão /economia, não me apetece! Vou-me debruçar sobre o quotidiano, aquela coisa que descreve a vida do dia-a-dia, se é que se pode chamar vida.
Acordo, olho para o relógio, não acredito! Tenho de me levantar já!
Começa uma nova (velha) rotina diária. Emito uns grunhos, que se podem traduzir como Bom Dia (se isso é possível àquela hora da manhã) e dirijo-me para o calvário da casa de banho.
Barba! com os olhos fechados não consigo ver nada, ops! Afinal estão abertos, com o sono dou comigo a barbear as orelhas e o nariz (ou quase). A seguir atiro-me para a banheira, primeiro impacto: levo com a água gelada na cara, sai-me uns palavrões (dignos de um trabalhador das obras quando martela um dedo) pela boca fora e acordo um pouco.
No meio de inúmeros bocejos e do shampoo nos olhos, lá consigo sair do banho sem me espalhar ao comprido. Primeiro passo de humanidade concluído, falta o resto
Vestir!
Primeira tendência: vestir roupa informal, «espera lá! vou trabalhar.». Bolas! Lá tenho de vestir a farda - um fatinho, camisinha (para o tronco, não para
outro lado mais abaixo) e gravata (aquela coisa horrível tipo coleira).
Fase seguinte: Luta com a pirralha para a acordar. Livra! Consegue ter pior feitio que eu, a mãe é quase trucidada e eu, se não calha fugir com a cabeça, sou massacrado em várias zonas do corpo por pés e mãos possuídas por um espírito revolucionário descendente da Revolução Francesa.
Comida! Parte difícil, o estômago ainda não acordou e de repente é forçado a trabalhar e para ajudar o relógio não pára, já estamos todos atrasados. Postos os casacos e as mochilas e as malas e sei lá mais o quê, a tribo arranca para o elevador.
Meto-me no carro e arranco a 500 kmh para a bicha, interminável fila de veículos com ocupantes desejosos de possuírem uma bazuca ou tanque do exército para abrir caminho à força e conseguir circular. Porreiro! Acabei de ser ultrapassado por um caracol.
POR FIM, esgotado e completamente alterado chego ao trabalho, com ar de serial killer e com vontade de o ser. Olho para os colegas e esforço-me por ser humano, missão quase impossível, aliás, tirando raras excepções (seres alienígenas), penso que os outros estão no mesmo barco que eu. Lá nos cumprimentamos todos, com uma certa indiferença e desejosos que o dia acabe e por nos vermos, uns aos outros, pelas costas.
Chego à secretária, agarro no trigésimo café do dia e ligo o PC (isto de chamar partido comunista ao objecto de secretária tem que se lhe diga, além disso é pouco inspirador). Este estrebucha um pouco, também deve gostar à brava de mim, e lá começa a vomitar uma série infindável de mails, de memos de reuniões e tarefas. O telefone começa a tocar e o boss ladra uma série incongruente de palavras, supostamente ordens e instruções,
Enfim, o trabalho!
Faço aqui uma pausa, para reflectir num pequeno ponto: Se não houvesse trabalho como seria? Acordar a horas decentes, tomar um pequeno-almoço em condições, ir ler os jornais sem stress, não apanhar bichas (leia-se carros pff), ir fazer qualquer coisa agradável
Ok! De volta à realidade.
A manhã passa, devagar e depressa ao mesmo tempo isto é esquizofrénico! O tempo passa demasiado devagar, nunca mais chega a hora de sair. Por outro lado, olho para o relógio, epá!...Já está quase na hora de almoço e ainda tenho tanta coisa para despachar, que loucura! Tenho de me apressar. Já sei!...Se desligar o cérebro e entrar em velocidade de produção pode ser que consiga adiantar algumas coisas e comer uma sandes antes da reunião das 15.00 horas.
Chega o fim do dia ou início da noite, depende do ponto de vista. Não me lembro de ter visto o Sol! Saio do emprego a correr e vou buscar a pestinha. Novamente as bichas. A rádio repete incessantemente as mesmas notícias, se calhar são as mesmas da semana passada ou do mês passado (para ser sincero nunca me lembro do que noticiam). Olho para o lado, penso que já começo a conhecer algumas caras, mais uns tempos nisto e ainda arranjo um clube de amigalhaços para o convívio. Uma suecada no pára/arranca sempre tirava a monotonia à coisa.
A tribo regressa a casa. Inspiro fundo e reentro ao trabalho, começa uma nova jornada. Banho da miúda, trabalhos de casa, preparar mesa, arrumar um pouco a casa, preparar o jantar, alucinar com isto tudo, deitar a filharada (no meu caso é mais simples, é só uma)
A faina chegou ao fim, o corpo já pouco corresponde e os olhos começam a fechar-se, está na hora de ir para a cama.
Hummmm! Que tempo é que sobrou para mim? E para acasalar? Ou para outras coisas?
Vida fascinante!
RdS
Terça-feira, 28 de Março de 2006
Mal do meu País...
Olá a todos, mortais sofredores
Este texto é curto (até não estava prevista a sua colocação) mas é só para despejar a minha amargura e tristeza por um País cuja maior ambição colectiva é o jogo de futebol da Liga dos Campeões ou, apenas, beber um cervejita numa esplanada.
Mal do meu país quando a mentira, a falsidade, a roubalheira institucionalizada e incompetência preenchem o nosso quotidiano. Hoje é particularmente difícil para mim poder expressar de um modo muito coerente o meu desprezo e revolta por um País que, cada vez mais, considero um erro histórico (pelo menos em termos de modernidade).
Ainda ontem falava da GALP, dos seus lucros e da sua inerente criminalidade autorizada. Muitas vezes falo das incongruências da nossa sociedade com especial interesse na questão dos combustíveis e hoje sou, mais uma vez, surpreendido por duas notícias. Uma, em destaque, que informa a escumalha (sim, é assim que somos vistos pelas bestas dominantes) que a GALP aumentou o preço da gasolina em 2,2 cêntimos por litro, motivado pela e esta é uma pérola da filha-da-putice desvalorização do euro face ao dólar. Aparecem uma série de linhas de informação dignas de vómito a tentar explicar algo que é, na sua essência, uma MENTIRA descarada.
A outra notícia informa que o preço do petróleo se mantém estável e o valor baixou 2 cêntimos em Nova Iorque (de 64,16 para 64,14 dólares) e baixou 6 cêntimos em Londres (de 62,83 para 62,77 dólares).
Que outras palavras poderei usar para descrever o que se passa nesta Terra Estranha? Não será justo pensar em revoluções e bombas? Considero-me uma pessoa tolerante e razoável mas também acho que os criminosos que pululam o Governo e outras empresas dominantes de mercado deveriam ser presos e julgados por tentativa de homicídio dos restantes habitantes.
Mal do meu País, onde os velhos não podem tomar todos os medicamentos prescritos pelo médico porque não têm dinheiro para os comprar.
Mal do meu País, onde a comunicação social se esquece de fazer as perguntas pertinentes e prefere discutir se o visado se demite ou não.
Mal do meu País, onde o grande desenvolvimento para o futuro é a utilização da Internet.
Mal do meu País, onde crianças têm de andar a pé quilómetros para ir à escola porque dizem que não é viável a construção de uma outra escola.
Mal do meu País, onde a massa de trabalhadores é vitima de chantagem diariamente por parte das chefias.
Mal do meu País, onde há cinco anos consecutivos derrapamos negativamente face aos restantes países europeus.
Mal do meu País, onde a classe politica se perpétua numa espiral de incompetência.
Mal do meu País, onde os jovens licenciados ou não não conseguem um primeiro emprego.
Mal do meu País, onde as personalidade de referência do século XX dão pelo nome de Salazar, Marcelo Caetano, Mário Soares, Sá Carneiro, Álvaro Cunhal, Cavaco Silva e António Guterres.
Mal do meu País, onde os atletas olímpicos têm de pagar as suas despesas de deslocação às olimpíadas porque as entidades responsáveis e Governo não estão interessadas.
Mal do meu País, onde o Governador do Banco de Portugal ganha mais que o Presidente da Reserva Federal Americana.
Mal do meu País, onde o empresário de referência é Belmiro de Azevedo que passou de assalariado no dia 20 de Abril de 1974 a dono no dia 30 de Abril de 1974 sem nunca o ter explicado.
Mal do meu País, onde se fecham hospitais porque financeiramente não é rentável.
Mal do meu País, onde o corporativismo laboral cada vez mais se assume como uma força de acção política e social.
Mal do meu País, onde a impunidade é Lei e os privilégios Justiça.
Mal do meu País, que lenta mas inexoravelmente tem destruído o sector primário e secundário.
Mal do meu País, que quando se quer comparar com outros utiliza, neste momento, países de terceiro mundo.
Mal do meu País, que abraça projectos faraónicos com mais de 30 anos de idade (OTA).
Mal do meu País, onde os seus habitantes adormeceram e já nem reagem à mentira declarada e têm vergonha de reclamar os seus direitos.
Mal do meu País, onde a pobreza envergonhada impera e os sem abrigo são cada vez mais.
Mal do meu País....
Muito mais haveria para dizer. Por agora fico por aqui, na esperança que a minha atitude muito pouco tuga possa servir de algo. Duvido, mas a esperança é algo que existe... até para este País.
MS
O Sr PP e a declaração dos deveres
Ora então um grande Viva a todos.
Após prolongada ausência, principalmente ligada a falta de inspiração, eis-me de volta a este salutar espaço de escárnio e mal-dizer.
Hoje vou-me debruçar, tentando não cair, sobre uma determinada frase que ouvi na ultima sexta-feira num programa de entrevistas que ocorre no canal Sic Notícias. O entrevistado, não vou referir nomes, deixando à consideração do leitor de quem estou a falar (é tão difícil adivinhar o mesmo que quase que proponho a atribuição de uma viagem às ilhas Caimão a quem acertar), tratando o referido personagem como "o Sr PP".
Ora disse o Sr PP a dada altura, e no seguimento de uma pergunta efectuada pela Sra entrevistadora sobre a situação vivida em França relacionada com a polémica sobre o primeiro contrato de trabalho, qualquer coisa como o seguinte - Da mesma maneira que existe um declaração universal dos direitos humanos, também deveria existir uma declaração universal dos deveres.
Ora bem. O Sr PP é conhecido pela utilização de clichés, provérbios e "frases feitas" para expressar o que lhe vai na alma. Sempre foi assim, desde a sua notoriedade inicial no semanário Independente onde as primeiras capas que zurziam forte e feio no Cavaco tinham sempre títulos afoitos, e continuou a ser assim com deputado e como ministro. Daí que não me espante a utilização de tal frase na dita entrevista.
Vejamos agora o que o Sr PP quis de facto dizer. Penso eu que a questão dos "deveres" está intimamente, e talvez só, relacionada com os deveres de quem trabalha para outrém. Pode ser que me engane, mas conhecendo mínimamente o Sr PP, não creio que o alvo por ele escolhido fosse outrém que não o mero "reles funcionário" de qualquer empresa existente à face da Terra.
Que deveres deveriam então estar consagrados nessa aprazível declaração dos deveres? Imagino alguns do tipo:
* O reles funcionário deve (é portanto obrigado) a entrar no mínimo uma hora antes do horário de entrada estabelecido;
* O reles funcionário deve (é obrigado) a sair sempre depois da hora de saída estabelecida;
* Independentemente do acima exposto nos primeiros artigos, não será atribuída qualquer remuneração adicional (leia-se horas-extra) ao reles funcionário,
* Sempre que possível, o reles funcionário deverá gradualmente reduzir o tempo que perde durante o almoço, as suas idas ào WC, ou as idas lá fora para fumar o seu cigarro;
* A bem da produtividade e do enriquecimento do "empregador" (digam lá se não é uma linda expressão, abonatória de quem nos dá emprego. Não o darão porque pura e simplesmente necessitam??) o reles funcionário deve deixar de ter direito a passar tempo com a família, com os amigos, com os colegas, concentrando-se unica e exclusivamente no seu emprego;
* O reles funcionário deve deixar de pensar, emitir opiniões ou contestar decisões. É apenas um meio para atingir um fim.
Entre muitos outros artigos (muitos dos quais já citados noutros textos escritos neste blog) que estariam de facto devidamente consagrados por organizações tão importantes e universais como a Bolsa de Lisboa, a CAP, a CIP e outros que tais.
Sr PP, a sua ideia é de facto genial. Com tais medidas, a produtividade aumentaria, os salários desceriam, a qualidade de vida esfumava-se. E para quê? Para aumentar o nível de "riqueza". É claro que a "riqueza" é sempre para os mesmos, para aqueles que usufruem anualmente de lucros na ordem das centenas de milhões e que, mesmo assim, decidem acabar com uns quantos postos de trabalho para, lá está, aumentar a "riqueza". E que tal, Sr PP, de impôr alguns deveres por exemplo, às entidades patronais, ou pelo menos a algumas delas? Deveres como:
* Deixarem de ter dívidas consecutivas à Segurança Social;
* Deixarem, algumas delas, de aproveitarem-se de usufruir de situações monopolistas para fazerem o que quiserem com os preços de venda dos seus serviços
* Deixarem de contratar mão-de-obra imigrante não legalizada, porque a mesma é mais barata e aumenta-lhes a "riqueza";
* Terem o DEVER de não procederem a centenas de despedimentos quando os seus resultados são de lucros elevadíssimos (será que não percebem que quando despedem alguem, esse alguem vai deixar de ter poder de compra para adquirir os bens/serviços das empresas que os despediram???)
* Entre milhares de outros deveres.
Pois é Sr PP, a declaração dos direitos humanos fez-se para proteger o homem de muitas coisas, a maioria das quais, do próprio homem. A declaração dos deveres serviria para proteger quem? É que sabe qual é o problema Sr PP? É que neste mundo-mete-nojo em que todos nós vivemos, há muita gentalha que não respeita os direitos humanos. Há muitos países onde os mesmos são uma miragem. Porque penso que se todos os países respeitassem intrínsecamente os mesmos, então teríamos um mundo menos filho da puta, mais justo e menos financeiro. Porque, lá está Sr PP, a tal declaração dos deveres que o Sr PP gostaria de ver consagrada já existe em todos nós, na nossa responsabilidade (reconheço uns mais do que outros) na nossa entrega ao trabalho, na nossa luta constante do dia-a-dia. E em muitos países, essa declaração-na-prática dos deveres sobrepõe-se a qualquer outra que no papel esteja definida. Porque enquanto na China, na India, no Paquistão na Malásia, entre tantos outros, houverem pessoas a trabalhar 25 horas por dia e a receber uma malga de arroz como remuneração, este fenómeno da globalização impor-se-á e obrigará a que sejamos mais "competitivos" querendo isso dizer mais contributivos para a tal "riqueza".
E já agora, Sr PP, o que se seguiria à declaração dos deveres? A declaração universal dos deveres da criança para contrapôr à existente relativa aos seus direitos? E que tal a declaração dos deveres dos animais?
Olhe Sr PP, tudo aquilo que escrevi não pretende ser nenhuma atitude pró-esquerdista, que nisso estou muito à vontade já que nunca fui, nem sou, nem nunca serei um partidário das ditaduras do proletariado. Mas é difícil não enxergar aquilo que se passa no mundo de hoje.
É pois por isso, Sr PP, que lhe faço um convite com o devido respeito que brochelência (não) me merece. Pode ser, inclusivamente que o Sr PP veja neste convite, lá está, uma espécie de dever seu. Sr PP - VÁ para a P que o P.
JLM
Segunda-feira, 27 de Março de 2006
Emigrantes... e economistas, claro!
Olá caríssimos cidadãos,
Recentemente um outro leitor do blog referiu que eu estava com a tendência para me atirar aos mesmos e que deveria diversificar (afinal matéria-prima não falta). Fiquei a matutar sobre isto, não por achar que não fosse verdade mas por receio de estar obcecado e cheguei à conclusão que ainda não estou obcecado embora para lá caminhe mas que o problema prende-se com o manancial de temas, incapacidades e incompetências de tais aventesmas.
Eu hoje tentarei mudar um pouco de alvo embora reconheça que é um pouco difícil. Para melhor entenderem, parte da minha inspiração provém de notícias que surgem ou via electrónica ou via eucalipto (entenda-se jornais!) e que provocam um certo mal-estar meníngico, justamente por constatar que inexistência dessas mesmas células pensantes (ou, pelo contrário, pelo elevado índice de filha-da-putice detectado no sangue após teste do balão). Ora hoje ouvi na rádio e li nas notícias que alguns médicos (esta palavra é gira; tanto pode significar 1% da população médica como 99% da população médica) recebem 100 euros por hora nalguns (outra vez a mesma palavra vaga) serviços de urgência. Estava eu a preparar-me mentalmente para me lançar numa verborreia ácida sobre o tema, que eles são isto e aquilo, e que não fazem aquilo e aqueloutro quando, de repente, na Agência Financeira leio duas notícias que me deixaram estarrecido e com falta de ar:
- a primeira tem o seguinte título:
A Galp Energia atingiu em 2005 os melhores resultados líquidos de sempre, ao obter lucros de 442 milhões de euros.
Se alguns ficam surpresos com esta notícia, eu não. Não sou vidente, clarividente ou algo desse género mas acho que dá para perceber porque assim é. Quem me dera a mim ter uma empresa como a GALP. Ter a exclusividade de um mercado deve ser porreiro. Mesmo quando estas alimárias vêm clamar que não estão sós no mercado, convém perguntar às referidas alimárias onde a BP, a REPSOL e outras vão comprar o seu combustível em Portugal. É sempre dinheiro em caixa! É só facturar.
Diz a notícia que o aumento de lucros, comparado com o ano anterior é de cerca de 33% e aparece uma citação do comunicado que refere um novo recorde de vendas de gás natural. Bem, se não existe mais ninguém a vender gás natural e se, por decreto, é obrigatório a construção de habitações com pré-equipamento e canalização para gás natural, não me parece que seja muito difícil, a cada ano que passa, ter um novo recorde de vendas.
- a segunda tem o seguinte título:
O presidente da Comissão Executiva da Galp Energia garantiu, esta sexta-feira, que a petrolífera pratica os mesmos preços de venda dos combustíveis em toda a Península Ibérica.
Segundo Marques Gonçalves, em Outubro do ano passado, a gasolina em Portugal até se vendia 4% abaixo do valor em Espanha e o gasóleo estava cerca de 1,5% mais barato.
A minha dúvida existencial é a seguinte: a quem é que eles vendiam mais barato? A mim é que não foi, nem aos milhares de outros portugueses que atravessam a fronteira diariamente para abastecerem as viaturas (já nem falo da compra de bens de primeira necessidade, como o pão ou carne). Eu só acho estranho é que estes milhares de portugueses queiram deitar dinheiro fora, com a vaidade de ir a Espanha, uma vez que pelo que diz o Excelentíssimo Sr. Marques Gonçalves a GALP até está baratucha quando comparada com os nossos vizinhos.
Cá para mim e para os meus botões, como descobriram a galinha de ovos de ouro ou seja, toca a chular que os gajos até deixam não há nada como andar a dizer umas mentiritas saudáveis para calar os chatos dos tugas.
Só para esclarecer um pequenino (muito pequenino mesmo, tão pequenino aliás que é preciso um microscópio electrónico para leitura nas notícias) contratempo: Um Tuga que ganhe 1.000 euros mês (limpos, claro) que já está bem pago e pague a gasolina a 1,25 euros o litro, se calhar pesa-lhe na carteira bem mais que a um espanhol, com as mesmas funções e a fazer a mesma coisa, que ganha cerca de 1.800 euros mês (limpos, claro) e paga a gasolina a 1,24 euros o litro.
Será que sou eu que estou de mau humor? Ou andamos a brincar às economias globais?
A parte mais gira no meio disto tudo é que os génios apontados para a Administração da GALP são, na sua maioria ex-membros de Governo (Ministros, Secretários de Estado, etc) que aplicam as queixas habituais nas conferências de imprensa, ou seja, a culpa é do Governo com a aplicação de uma excessiva carga fiscal sobre os combustíveis. Mas então eles não estiveram (ou estão) lá? Que argumento mais mixuruca!
Não será antes um caso de aumentem-à-vontade-que-os-papalvos-pagam-sempre-e-nem-se-queixam?
Mas de facto deixemo-nos destas coisas da economia e falemos de outros assuntos. A comunicação social de hoje está de barriga cheia com entrevistas dos emigrantes tugas expulsos do Canadá, entrevistas antes de embarcarem em Toronto, depois da chegada a Lisboa, depoimentos e outras tretas do género.
Pelo que percebi depois da leitura/audição das notícias, o Governo Canadiano é mau porque expulsou cidadãos ilegais do seu País e o nosso Governo é mau porque pouco fez para evitar esta situação (género: não declarou guerra ao Canadá ou invadiu a chafarica). Perante este descalabro internacional fico confuso. Quando os tugas vão para o Canadá sabem que, como em qualquer outro País do mundo, são necessários os papéis de legalização e residência para poder viver e trabalhar no destino. Como o Canadá é daqueles destinos apetecíveis por todos os movimentos migratórios, as leis internas e soberanas desse país são precisas e, ao contrário do que se passa na Terra Estranha, são para cumprir.
O que eu acho mais estranho é que os entrevistados pela comunicação social sabiam dessas regras e estiveram em situação ilegal no Canadá durante anos a pensar que eram mais espertos que os outros. Por outro lado, os que foram expulsos entraram no Canadá com o título de refugiados!!! Refugiados??? Do quê? De onde? Eu sei que o nosso país não é nada bom, mas refugiados? Eu sei que os nossos governantes deveriam estar presos por tentativa de homicídio por Decreto-Lei (tento em conta os disparates de Leis e gestão que têm praticado), mas refugiados?
Que raio de emigrantes temos nós que não param para pensar (ou se informar) antes de se sujeitarem a este tipo de situações? E depois vêm chorar para a Comunicação Social, a clamar justiça do Governo que foi enganado e os correu por causa disso e a clamar justiça do Governo de origem que passa mais uma vergonha em termos internacionais!
Sejamos honestos:
- premissa 1: Os emigrantes tugas tentaram enganar o Governo Canadiano, ainda imbuídos da espertice tuga.
- premissa 2: O Governo português não sabia que estes emigrantes tinham partido nestas condições.
- premissa 3: O Governo Canadiano agiu sobre os emigrantes ilegais como qualquer País soberano o deveria fazer.
- premissa 4: Perante os factos, o representante português no Canadá tenta minimizar o embaraço e a vergonha que é obrigado a reconhecer.
- Conclusão. Os Governos é que são culpados! Uns por cumprirem as suas leis e outros porque não obrigaram o país recebedor a amochar perante uma ilegalidade perpetrada por meia dúzia de irresponsáveis.
Emigrar é salutar e é uma fonte de riqueza para as nações mas este fluxo de emigração (e imigração) está sujeito a regras. Quem cumpre e passa o filtro institucional pode ficar, trabalhar e enriquecer, quem se arma em esperto deverá ser punido, de acordo com as Legislações nacionais.
Imaginem convidar uma pessoa para vossa casa que tem a mania de cuspir no chão. Vocês deixavam? Ou impunham as regras próprias de vossa casa?
Por hoje é tudo
MS
Quinta-feira, 23 de Março de 2006
Contributos... continuam
Boa tarde minhas Senhoras e meus Senhores
É com muito prazer que recebemos todos os contributos, e com maior ainda que os publicamos. Assim, aqui está mais um contributo, recebido por pombo correio "carregadinho" de H5N1
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A Comunicação
Os jornais portugueses albergam gente de má-fé!
Vou dar alguns exemplos: uma senhora chamada Maria João Avilez ou AviLLez que é mais fino e mais «in» entre outras coisas escreve no Expresso. Tem um programa na SIC, viaja convidada por qualquer coisa e/ou por alguém e está bem casada, fazendo parte do mundo da economia e da politica e da sociedade, sabe tudo o que é necessário saber, em Portugal, para não fazer nada mas com opiniões consistentes sobre todas as matérias e com formação especializada em AMIZADES.
Ora a senhora é desde há muito amiga desse portento da sabedoria em cuja fonte bebeu não só ao que Camões diz respeito mas também às várias maneiras de enganar ardilosamente quem em nele confia e que dá pelo nome de Mário nas estruturas do Partido Socialista, de Mário Soares entre o povo de uma certa esquerda, de Dr. Soares entre o povo de uma certa direita, de Dr. Mário Soares entre o pessoal do Palácio de Belém e de Vossa Excelência para os restantes entre os quais me incluo.
Todo o Portugal que viu o acto de posse de S. Exa. o Senhor Presidente da República Portuguesa Senhor Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva - digam lá se não sou cumpridor dos bons e sãos princípios - verificou que o Dr. Mário Soares se retirou imediatamente sem cumprimentar o Presidente eleito. Esta atitude, seria levada por conta de má educação se não fosse grave e ela é grave porque o Dr. Mário Soares - ele, um ex-Presidente da República - desrespeitou a instituição mais respeitável de Portugal.
E o que disseram os jornais e a jornalista Maria João?
Que o Protocolo do Estado não teve respeito pelos ex-Presidentes, pois obrigava-os a fazer parte da raia miúda que se acotovelava para lamber a mão do Chefe, que o Dr. M Soares tinha compromissos que tinha de respeitar, que não sei quê, que não qual para nas entrelinhas ficarmos a saber que a culpa de tal atitude se deveu, simplesmente, ao facto de ao Aníbal não lhe competir tal função. Deduzo que o Mário e a Maria João terão pesado que um indivíduo que não domina os meandros do Épico e da sua métrica nunca será capaz de compreender a alma daqueles que nunca terão três refeições saudáveis por dia.
Mas o jornais também disseram que o Aníbal não foi à posse do Sampaio como se fosse a mesma coisa estar presente e mostrar que não se tem nível nenhum e não estar presente não revelando se há ou não nível.
Gostava que alguém mostrasse à jornalista como Portugal está na merda devido à merda dos governantes que vamos tendo e à merda dos jornalistas que os vão apoiando.
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