Sexta-feira, 21 de Setembro de 2007

Nacionalidades e nacionalismos desportivos..ou pouco

Fez sábado passado uma semana em que um determinado jogador de basquetebol num lance a 3 segundos do fim do jogo, jogo que decidia o campeonato da europa de basquetebol, ficou para a história, ao conseguir 2 pontos para a sua equipa, a Russia, tendo assim essa equipa ganho à Espanha (actual campeã do mundo - ah estes espenhóis que para uns não prestam) por 60 vs 59.

 

 

O nome do basquetebolista é Jon Robert Holden. Repito, Jon Robert Holden, e não Jonov Robertenko Holdenov. Para mais era negro, e que eu saiba, apesar da Russia ainda ser de longe o maior país do mundo em termos de área geográfica, não estou a ver desde os confins da Sibéria até à Crimeia nenhuma zona onde se encontre uma etnia que não a branca caucasiana.

 

 

O referido jogador nasceu nos Estados Unidos da América e foi para a Rússia viver há não muito tempo para jogar basquetebol. Gostou do país, tornou-se cidadão russo, e é chamado à equipa nacional do seu país para defender as cores do mesmo. Graças a ele mesmo, a Russia tornou-se campeã da Europa.

 

 

A Russia é um daqueles países que se encontram na linha da frente no que se refere a competitividade desportiva. Vai aos olímpicos para disputar os primeiros lugares em termos de números de medalhas ganhas, aparece em diversas modalidades, quer individuais quer colectivas como pretendente aos títulos, e nos idos tempos da velha senhora (URSS) então é que não dava hipóteses a ninguém, sendo que raras vezes, os Estados Unidos obtiveram mais medalhas olímpicas do que eles nos Jogos Olimpicos em que ambos participaram, fruto também de propaganda esquerdista que via no desporto de alta competição uma forma de demonstração da superioridade do regime comunista (caso mais evidente ainda era o da defunta RDA, o "D" de democrata que tinha muito pouco). Ou seja, a Russia ou URSS teve sempre matéria prima abundante para ser uma nação altamente competitiva no desporto. E nem por isso abdicou no referido caso de recorrer a um cidadão nado no antigo velho inimigo, para disputar uma competição desportiva.

 

 

Por outro lado, há "n" exemplos neste desporto específico, de jogadores nascidos nos Estados Unidos, que depois, e após sua nacionalização nos respectivos países, são chamados às respectivas selecções para defenderem a bandeira desse país. A esse nível estes basquetebolistas americanos estão para esse desporto como os futebolistas brasileiros (há vários em vários países) estão para o futebol.

 

 

Tudo isto para ficar espantado com o alarido que determinadas (muitas) pessoas estão a fazer em relação à chamada de um jogador nascido no Brasil e que foi convocado para a selecção A de futebol. Um jogador chamado Pepe, que jogou vários anos no FCP, e que se encontra agora no Real Madrid.

 

 

Este súbito despontar do nosso nacionalismo com laivos de racismo (oh superioridade lusa, cujos nados representantes nestes 88.000 km2 de território aparentam ser sempre melhores do que os outros), tem a ver tão só com o facto de estarmos aqui a falar de futebol. Só isso e nada mais. O futebol, o nosso futebol é um digno espelho da podridão encefálica do nosso país, e mais específicamente um digníssimo espelho da alarvidade mental de algumas alimárias pululantes que emitem as suas opiniões nem que seja num simples rodapé de algum daqueles programas ditos-desportivos (só se fala de futebol) dos canais da TV. Comenta-se que a nossa selecção será um dia a selecção B do Brasil, que ao estarem jogadores brasileiros a serem convocados a nossa pobre juventude do pontapé na bola não tem hipótese de entrar na selecção, que é um insulto para as cores nacionais, etc, etc, etc.

 

 

Ora os meus comentários em relação a isto são os seguintes:

 

 

* Portugal não é, nunca foi, nem nunca será um país que seja competitivo a nível global (leia-se em multiplas modalidades) no desporto;

 

* Por um lado, as nossas caracterísiticas físicas, ou se preferirem, rácicas, não são per si abonatórias. Não temos corredores que possam competir com os quenianos ou os etíopes, nem tão pouco temos a compleição atlética de outros povos como por exemplo os alemães, nem a altura natural para per si disputarmos jogos de basquete ou de vóleibol ao mais alto nível;

 

 

* Por outro, investimento em infraestruturas desportivas aqui cingem-se ao futebol, e agora a alguns campos de golfe. Espanha é aqui ao lado. O espanhol não é propriamente muito diferente do português ao nível da etnia, da raça. Mas investe no desporto, investe na infraestrutura desportiva. É por isso que cá ficamos todos contentes por quase termos sido campeões da Europa no futebol, e lá, eles são campeões do mundo de basquete, têm um campeão do mundo de fórmula 1, têm o Rafael Nadal que só não é nr 1 porque teve o azar de pertencer à mesma geração do melhor jogador de ténis de sempre - o Federer , têm um vencedor da Volta à França em bicicleta, disputam o pódio em modalidades como o andebol, o futebol (sendo que as suas equipas são das melhores do mundo) e muitas outras que tais, e até no hoquei em patins onde normalmente tinham Portugal a pisar-lhes os calor, já se descolaram de nós;

 

 

* Referi que este nacionalismo só acontece no futebol, porque, por exemplo, só no futebol há uma febre bandeirística que faz dispontar até ao âmago os nossos sentimentos mais nacionalistas. Noutras modalidades, raramente isso acontece. Mas também se comprova que isto só acontece no futebol porque, vejamos:

 

 

- No Rugby, agora muito em voga à conta da nossa presença nos respectivos mundiais, há 2 argentinos que jogam pela nossa selecção;

 

- No atletismo, temos o Obikwelu que nasceu em África (julgo que Nigéria) e veio para cá trabalhar nas obras, descobrindo-se depois que o chavalo era afinal um Obicoelho, e como não havia infraestruturas rebaptizaram-no português e puseram-no a treinar em Espanha porque cá, claro, não há infraestruturas;

 

- No mesmo atletismo, temos um atleta chamado Nelson Evora que não nasceu em Portugal mas sim na Costa do Marfim, competiu por Cabo Verde, e vendo as potencialidades do moço, lá o convidaram para representar as nossas cores tendo sido há pouco tempo campeão mundial do triplo salto. Nelson Évora, tal como o Obicoelho é negro e treina em Espanha;

 

 

E outros exemplos haverá com toda a certeza.

 

 

Quer-me parecer que o povão, nas modalidades acima, não se importa muito com o estatuto nacional dos atletas em causa. Os portugueses são assim, quando há alguém, estrangeiro, que nos faz ganhar visibilidade, apressam-no a chamar de português. O Deco é português, já não é luso-brasileiro. O Obicoelho é português, não é nigério-português, se é que a designação existe. A Nelly Furtado, por seu lado, é luso-canadiana quando no máximo deve dizer não mais do que 20 palavras em português.

 

 

Portanto oh tugas de merda que tanto criticam a chamada do Pepe à selecção, vão para a rua empunhar cartazes a dizer ao Obicolelho e ao Nelson Evora, como exemplos, para competirem por Espanha porque cá eles não têm lugar porque nada tem a ver com o sangue lusitano. Aproveitem para zurzirem no seleccionador de Rugby que se atreveu a convocar jogadores argentinos para a selecção que tão bem conta de si tomaria só com jogadores nascidos na baixa da banheira, e já que são assim tão nacionalistas aproveitem para fazerem ao menos uma coisa de jeito que é dar um pontapé na peida no seleccionador (não português) de futebol, essa ave-rara pugilista chamada de Scolari.

 

 

Uma das coisas boas que Portugal fez no mundo foi o de ter criado a mulata (e o mulato, mas a mulata é bem mais apetitosa). Ou seja, estamos na génese da miscigenação. E essa miscigenação, conjuntamente com uma imigração de qualidade (entenda-se gente que não venha para cá aproveitar-se apenas de um estado providência mas que trabalhem e acrescentem valor ao nosso país seja em que actividade fôr) e num mundo cada vez mais globalizado, são razões mais que suficientes para que este tipo de críticas rascas no que se refere à chamada de Pepe à selecção não tenham razão de o ser.

 

 

JLM

publicado por GERAL às 18:34
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Segunda-feira, 10 de Setembro de 2007

O Porco e a bicicleta

Dizia um arbitro de futebol, algures na década de 80, uma daquelas frases que ficou para a história, comparável a qualquer pensamento do Sócrates, do Descartes ou do Confúcio. Referiu ele, numa dada entrevista que deu na RTP (naquela altura só havia a RTP) qualquer coisa como "Eu desde que vi um porco a andar de bicicleta, que acredito em tudo". Mai nada. É isso mesmo. Os porcos a andar de bicicleta são muitos. E levam-me a acreditar em tudo.

 

 

Apesar do pressuposto suínocleta, ele há coisas que me custam acreditar. Mas que, tendo sido factos (e não opiniões), levam-me crer que algo está mal. Aqui no reino da tugolândia, mas não só. Ou deveria dizer suinocletalândia?

 

 

 

Vejamos por exemplo o PCP...lá fez a sua enegésima Festa do Avante. Nada de novo, comunas a zurzir no governo, que merece ser zurzido, mas provávelmente de uma forma algo diferente daquela com que sempre, independentemente de quem está no poder, é zurzido pelo PC. O PCP só deixará de criticar qualquer governo da maneira como o faz, quando estiver no poder. Eu, que não vi um porco a andar de bicicleta, ponho isso como hipótese. Se bem que, e felizmente, seja uma hipótese remota. Ora bem, nesta dita Festa do Avante, o partido da liberdade e dos trabalhadores, teve como convidado especial e oficial, uma delegação das FARC. Para quem não sabe, as FARC são uma espécie de grupo terrorista (não está em dúvida o facto de serem terroristas, está em dúvida o facto de serem uma "espécie de grupo" - eu diria uma espécie de "vara" derivada, lá está, do conjunto de suínos que as compõem) que andou durante anos a fio a fazer explodir bombas, a cometer raptos, a matar velhinhos e criancinhas colombianas, a plantar coca (que não a cola) para se subsidiar, enfim, a cometer verdadeiros actos de terror com o fim de elevar, à força claro está, a chamada ditadura do proletariado. Aquela mesmo que existe nos regimes democráticos de Cuba e da Coreia do Norte, e que faria com que as Festas do Avante (caso se realizassem) nesses países não fiozessem outra coisa a não dizer...bem do regime. E durante muito tempo, porque a ditadura do voto não existiria. Palavras para quê? Viesse o Bush (imbecil e burro, mas presidente legítimo da maior democracia no mundo) cá a Portugal e veríamos o camarado Jerónimo ladeado pelo camarada pseudo-rival Louçã a manifestar-se em plena Avenida da Liberdade contra a guerra no Iraque, o capitalismo selvagem, e a opressão ao trabalhador. Bush, esse macaco raivoso, eleito contudo pelos votos dos seus conterrâneos, olharia para a manifestação e provávelmente diria algo como "não sabia que aqui na Austria ainfda havia destes". Há. Não é na Austria contudo.. É no país que decide à conta dos bons valores democráiticos estender uma passadeira vermelha aos lutadores pela liberdade das FARC.

 

 

 

Vejo ainda, por exemplo, e mudando quase completamente de rumo (o "completamente" só não é completo porque se fala de merda aqui), uma notícia no jornal, dizendo que algures nos Estados Unidos, há quem pense comercializar fezes e urina de gente famosa. Importam-se de repetir...fezes e urina de gente famosa? Mas que gente é essa? Porcos que andam de bicicleta? Não, andam de Porsche e de Ferrari. Mas não deixam de ser suínos pelo simples facto de supostamente exigirem direitos de autor pelos resíduos sólidos e líquidos que exalam de alguns dos seus orifícios. Estou mesmo a ver uma qualquer Britney Spears (este nome saiu-me quase que automáticamente quando li a notícia) a mostrar, e a comprovar via teste de ADN caso necessário, uma bostinha fresquinha recentemente tirada das paredes da sua latrina forrada a ouro. Será que a moda pega aqui em Portugal? Eu, que não vi porcos a andar de bicicleta sei que aqui também eles "andem aí". Candidatos há muitos, a maioria dos quais saídos das chamadas revistas côr-de-rosa que em breve passariam a revistas castanhas, com cheiro e tudo. Ó Bin Laden, faz lá alguma coisa de jeito, e quando decidires pôr uma bomba lembra-te de a pôres num sítio onde essa escumalha esteja lá toda.

 

 

 

Vejo também nos jornais ditos-desportivos de hoje, uma 2ª feira após um domingo onde houve duas selecções a participar em eventos desportivos importantes, a privilegiar mais uma vez o futebolzinho. Explicando melhor, a nossa selecção de Basket, um dos desportos mais populares do planeta, está em Espanha a disputar o campeonato da Europa e batendo-se com os gigantes europeus. Ganhou a Israel que todos os anos tem equipas (como o Maccabi) a disputar os lugares cimeiros dos campeonatos de clubes. E que dizer da nossa selecção de Rugby, composta por amadores,e que está pela primeira vez num campeonato do mundo da modalidade. Para quem não sabe, o campeonato do mundo de Rugby é já considerado o 3º maior evento desportivo do planeta. Atrás dos Jogos Olímpicos e precisamente do campeonato do mundo de futebol. Na Bola, no Record, no Jogo, os 3 diários desportivos, umas menções na capa. Os destaques no entanto vão para umas quaisquer entrevistas feitas a uns quaisquer jogadores que, entre outras coisa dizem algo como "o balneário do Benfica é muito bom". Balneário do Benfica? Quer isso dizer que daqui a uns tempos teremos merda e mijo dos jogadores comercializados no E-Bay? Vejo porcos a andar de bicicleta em todas as esquinas...E confirmo que o "f" de Futebol é de facto a grande herança dos "3 F's" dos tempos da velha senhora. Com um poder superior à soma dos "3 F's" desse tempo que, felizmente, não volta para trás. E que os jornais ditos desportivos não são mais do que a face masculina das revistas para gajas que abundam por aí.

 

 

 

Leio e vejo todos os dias, repetidas até à exaustão, desenvolvimentos sobre o propagado "caso Maddie". Agora, vislumbra-se a hipótese de ter sido a mãe da criança a responsável pelo desaparecimento-homicídio da mesma. Há umas semanas atrás escrevi aqui um artigo em que dizia estar solidário com o sofrimento dos pais. A acreditar nesta nova teoria, há porcos a andar de bicicleta no Algarve provindos da terra de Sua Majestade. Com requintes e laivos de de cidadãos de um país desenvido que não o nosso. Pergunto só. Porque razão testes de ADN 3/4 meses depois de o caso ter sido tornado público?

 

 

 

Vejo um documentário passado na RTP2 sobre o "boom chinês". Nele se conclui que a grande vantagem do país está no facto de ter uma mão-de-obra trabalhadora, barata, e com acesso a moderna tecnologia. Faz-se reportagem numa fábrica onde as trabalhadoras ganham o equivalente a Eur 150 mês. Sem direito a subsídio de férias, e sem direito a subsídio de Natal que esse é apenas uma desculpa para aumentarem a produtividade uns meses antes, e aí porem os "artigos-dos-300" nos mercados capitalistas da Europa e da América. Sim, muito provávelmente os Eur 150 são melhores do que nada e dão para eles viverem e mandarem o dinheiro para a Santa-Comba-Dão lá do sítio para que se construa uma casinha com direito a quintal e quiçá um sistema anti-poluição na mesma para evitar plantações de rebentos de soja com cheiro e sabor a químicos. A China, esse país meio-capitalista, meio comunista onde os sindicatos que não existem não tem direito a uma Festa. Nem do Avante nem outra qualquer.

 

 

 

Os porcos a andar de bicicleta pululam aqui e no resto do mundo. Há que lutar pelos nossos, e patentear uma marca, como agora está na moda. Utilize-se o simplex. Promova-se a região. E pode ser que tenhamos num futuro próximo o porco preto de Barrancos a disputar a Volta a Portugal.

 

 

JLM

publicado por GERAL às 14:30
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