Contos e Descontos da Vida na Terra Estranha...
Algures na Europa existe um pequeno país, um reduto irredutível, que resiste orgulhosamente à invasão do Desenvolvimento Económico e Social...
“Berrium Financeirius” vs “Contribuintium Pagantius” vs “Responsabilitium”?
Ora viva!
Então, ainda estão por aí?
E estão bonzinhos?
De certeza?
Bem, em primeiro lugar venho dar três explicações sobre este blogue:
1)Já alterei o nickname do blogue, que estava por defeito com o meu Nick, e coloquei “GERAL”. Penso que fica perceptível que o nome do autor do post ou do comentário não é o do nickname e sim o nome que vem no fim do post ou do comentário. Foi só para clarificar, é que não sei colocar isto de maneira a indexar automaticamente à assinatura, logo é um paliativo, mas acho que vai funcionar.
2)Somos 3 a escrevinhar neste blogue, nomes: RdS, MS e JLM. Todos assinamos os nossos textos. Não há confusões. Além disso, deixo aberta a possibilidade a todos que queiram colaborar, basta enviar o vosso texto para: ostres.s33@sapo.pt e eu coloco-o on-line sem censuras ou alterações e devidamente identificado.
3)Publicidade neste Blog- Constatei que aparece, de vez em quando, uma página com publicidade neste blogue. Faço questão de esclarecer que somos totalmente alheios a esta publicidade. Penso que é da responsabilidade do SAPO. Em resumo, não temos nada a ver com esta publicidade, não a controlamos e, pior, não recebemos dinheiro nenhum por ela (está mal!). Não faço a menor ideia de como hei-de eliminar esta coisa – aceito sugestões.
Posto este pequeno preâmbulo vou passar para o tema, muito actual, eu diria mais: NA BERRA! Anda tudo aos berros, mesmo!
O impensável aconteceu, uma parte do sistema financeiro privado “deu o Berro”, colapsou, estatelou-se, caiu por terra, entrou em falência, enfim já perceberam a imagem.
Estamos perante convulsões bolsistas particularmente complicadas, já se fala em nova “crise de 29” com repercussões mundiais nos restantes sectores da economia.
Isto tudo aliado ao problema Energético dos últimos anos e temos uma bela salganhada em perspectiva... O cenário é de “ouro negro”.
Mas, não há acontecimentos sem reacções em cadeia. O que é que tem sido feito?
Vamos lá ver:
“Nacionalizações”, se é que é este o termo certo, porque injectar capitais em empresas falidas à custa dos contribuintes...não sei se não será mais do mesmo, a velha moda dos últimos anos: Decisões Politicas que o parvo do contribuinte paga!
Já agora, e responsabilidades? Quem é ou quem são os responsáveis? O que lhes vai Acontecer?
Não quer dizer com isto que esteja a criticar as decisões que têm sido tomadas pelos principais Bancos Centrais Mundiais. O desastre é grande, o efeito dominó pode ser devastador e são realmente necessárias Grandes Medidas. A questão é outra, vou tentar avançar mais um pouco...
Eu tenho ouvido muitos comentários nos últimos anos sobre “RESPONSABILIDADE”, penso que vocês também, coisas do género: “Ninguém é responsável por nada, se fosse no privado, no mínimo, ia “”P’rá RUA!”””.
Ora bem, A Responsabilidade! Palavra muito badalada, especialmente contra a função pública (FP), mas... Atenção! Não confundir FP com políticos. Os políticos só têm: “Responsabilidade Política”! Mais nada! Seja lá isso o que for...
Continuando, não sou da função pública, sou do privado, esse paradigma da responsabilidade, e tenho observado que a responsabilidade no privado tem algumas nuances muito semelhantes à dos políticos na sua relação com a FP.
Não! Não estou louco, pelo menos aparentemente (isto de viver na Terra Estranha e ser dito “normal” é algo muito contraditório, eu diria mais: é como água e azeite, juntos não se misturam).
Ora vejam lá isto, O Político é apenas Responsável pelas Decisões Políticas, cuja responsabilidade se consubstancia em...hummm!!...pois....enfim, é só responsável, mais nada, não existe qualquer medida subsequente.
Quando acontece alguma coisa, normalmente vai apurar responsabilidades nos serviços da FP inerentes e nos seus técnicos, algo que as chefias adoram, vulgarmente chamado também: “Procura o Bode Expiatório” – ou expiratório, porque saltam “gafanhotos” por todo o lado, mas nenhum acerta no alvo.
No privado acontece algo paralelo, a responsabilidade é apurada até determinado patamar hierárquico. A partir daí...passam a ser Responsabilidades por Importantes Decisões Estratégicas, com consequências muito semelhantes às dos políticos: na pior das hipóteses, o Director vai “p’rá Rua” com reforma choruda vitalícia, carro de topo de gama, prémios dos próximos 10 anos por atribuir, and so on...
Quanto ao resto da equipa, o clássico: despedimentos em massa, indemnizações abaixo (quando existem) do previsto na Lei, processos disciplinares, etc... A empresa desaparece e é constituída uma nova, no terreno ao lado (de preferência, para os clientes não estranharem), com metade dos mesmos trabalhadores, a metade do salário e a produzir precisamente...o mesmo.
Ou seja, a culpa é do porteiro, da telefonista e da senhora da limpeza (quando os há, porque começa a ser normal cada um ser responsável pela sua zona, o que na prática quer dizer algo como: atendemos chamadas para o Sr. Dr.Eng.Arq.Comendador, abrimos as portas (e muitas vezes as pernas, acompanhadas de “vai um cafezinho? E vaselina, deseja?), classificamos documentos contabilisticamente /analiticamente / por centro de custos, elaboramos orçamentos, relatórios de projectos e de reuniões onde não estivemos presentes e sobre as quais desconhecemos totalmente (mas-que-o-chefe-necessita-para-justificar-a-sua-preseça-nessas-reuniões), enquanto tentamos fazer prospecções de mercado e negociar com clientes... (espera! E vender? Só depois, pá! Primeiro as coisas importantes, “onde está a merda do café?”).
Ops! Desculpem, derivei um pouco, não era bem este o assunto... hum!! De certa forma até está relacionado...bem adiante.
Como eu ia a dizer, esta crise financeira, já com laivos de crise económica, coloca a Nú a questão da responsabilidade, muito mais de que as questões relacionadas com as medidas que estão a ser tomadas, temos as questões sobre a pró-actividade dos Mercados e dos respectivos Reguladores.
Ó meus amigos! Afinal ninguém podia ter previsto isto? Tantos analistas, tantos líderes de opinião (que diariamente intoxicam o povão com as suas brilhantes dissertações sobre os elogios da empresócracia, a magnificência da auto-regulação do mercado, os malefícios da existência de Estados, de Governos, etc), afinal em que é que ficamos?
Por um lado não queremos Estado, tudo parasitas que chupam gigantescos recursos, queremos só iniciativa privada, bem gerida, SUCESSO! Mas, quando acontecem estas crises...
Ai, ai, mãezinha! Ó Estado, paga lá a burrada que fizemos!
É caso para dizer: Felizmente existem organizações Estatais, senão ia tudo mesmo para o c.........
Mais uma vez, toca a ir ao bolso dos contribuintes, todos nós a descontar anos e anos para, entre outras, situações destas! Felizmente que isso acontece. Existem demasiados exemplos horríveis na história sobre outras crises e espero que esta não atinja esses temíveis patamares.
Voltando à Responsabilidade, afinal qual é a real origem disto tudo? Quem foram os Responsáveis? Quais são as medidas punitivas?
Não me venham com a conversa de que não há responsáveis, que foi o mercado, que não havia regulação, que não se podia prever, etc... TRETA! HIPOCRISIA! Conversa para enganar TÓTÓS!
Tanta ciência, tanto conhecimento e tantas certezas, não era possível que um acontecimento destes não fosse previsível. Ou será que afinal esses líderes do conhecimento e do poder são menos inteligentes daquilo que é tão apregoado?
Não me parece, sinceramente penso que houve mais um “deixa andar e dá cá umas massas para eu estar caladinho” do que outra coisa qualquer. Convinha deixar andar as coisas, muitos beneficiaram enormemente no passado, beneficiam no presente e de certeza que vão beneficiar no futuro, ou não estivesse cá o povão “p’ra” contribuir nas próximas crises.
Em resumo (bolas, já me estiquei demasiado), temos a crise, estamos alegremente a pagar para que ela passe, os responsáveis ficam impunes, os opinium makers da praça vão continuar a opinar (eu acho que é mais a “pinar-nos”) com a sua douta sapiência e o futuro.... “Só Deus sabe. Ele conduz-nos por insondáveis caminhos”.
O mais provável é que a seguir a esta crise venha a crise do excesso de liquidez nos mercados, fruto das actuais injecções monetárias dos Bancos Centrais. Qual elefante a saltar de nenúfar em nenúfar, nós vamos saltar de crise em crise.
Todavia, penso que existe algo de positivo nesta situação toda, não há dúvida que todos os sectores, público e privado, são necessários e não vale a pena andarem de “costas voltadas uns p’ró outros”. É em conjunto que se constrói, divididos...dá asneira e da grossa!
Acho que hoje é a altura para falar de mamutes. Sim! Mamutes. Aqueles animais peludos, grandes e extintos (no resto do mundo menos em Portugal) que se limitavam a apascentar e a produzir vastas quantidades de metano por intermédio de arrotos, peidos e cocó.
Sempre que a actuação do tecido Industrial/Produtivo atinge o seu apogeu, isto é, quando a roubalheira é tanta que já se tornou evidente e demasiado nojenta, a solução encontrada nesta magnifica terra estranha tem sido de chamar os mamutes para apaziguar as hostes de lemingues (leia-se o típico tuga apático e apreciador de futebol e brasileiras “alternadeiras do bastão”).
Ora, o mamute chega, olha e, ao contrário de Julius Caesar no Rubicão onde proferiu a famosa Vinni, Vidi, Vici, tipicamente encolhe os ombros e afirma que tudo vai bem como de antes. Ou melhor, “tudo bem como de antes, no quartel de Abrantes”. Sou levado a concluir três coisas distintas: uma primeira que os so-called empresários/gestores são de facto muito espertos e sabem enganar a malta, uma segunda que o mamute não faz a mínima ideia do que anda a fazer, limitando-se à pura filosofia do “tachismo” e uma terceira que é que o mamute sabe o que faz, o gestor faz propositadamente mas o Governo e/ou Legislador anda a gozar com a malta.
Vamos por partes!
Todos sabemos, e infelizmente sentimo-lo na pele, que o capitalismo (tal como o seu antigo e incipiente “pai”, o mercantilismo) funciona à base do egoísmo individual. O empresário, ou “Homem de Negócios” – expressão tenebrosa –, tende única e exclusivamente a olhar para os seus próprios ganhos e de preferência procura encurralar o mercado para garantir que ELE é o único a actuar nesse mesmo mercado. Tanto assim é que o moderno empresário tuga sempre que fala na necessidade de investimento fala, em simultâneo, em subsídio, isto é, a empresa é dele, os ganhos são para ele mas se for necessária uma expansão, uma internacionalização, ela é feita com o dinheiro dos outros. Aliás, sempre que entidades que fornecem o público fazem algum investimento afirmam que infelizmente vão ter de reflectir isso no consumidor porque no lucro ninguém toca. Lucro serve apenas para o bolso do empresário ou accionistas.
De modo a evitar que os mercados fossem palco de um “regabofe” descontrolado, o Estado moderno (onde supostamente nos incluímos) criou entidades de controlo e regulação, também conhecidas por mamutes… os tais peludos e produtores de metano.
Vem isto a propósito da actual discussão acerca do preço dos combustíveis e da chamada do presidente da Autoridade da Concorrência (AdC) ao Parlamento. Recentemente a AdC fez uma investigação “aprofundada” à situação das gasolineiras e depois de várias semanas de suspense anunciou, com pompa e circunstância, que afinal não existia cartel ou monopólio. Pois claro que não! Como é que poderia existir cartel se temos apenas um único produtor de refinados em Portugal e temos seis grandes distribuidores (não vou mencionar os nomes pois ainda sou vítima de um qualquer mamute que regule os direitos de autor ou publicidade indevida) que, coincidência, têm sempre o preço igual EXCEPTO nos milésimos de euro, essa grande e nova unidade da moeda europeia.
Face aquela brilhante conclusão do relatório apresentado, como disse, com pompa e circunstancia, ouviu-se um colectivo suspiro de alívio por parte dos operadores, das empresas petrolíferas, da AdC e do Governo… curioso foi que não se ouviu qualquer tipo suspiro de alívio por parte dos consumidores – isto se não considerarmos aquele pequenino suspiro, mais à laia de esgar, que o consumidor sentiu na carteira ao ficar mais pequena e vazia.
Como o “regabofe” continuou, o mamute foi apascentar na acalmia dos deuses sem saber que, fruto de uma especulação desenfreada, a bolsa deu o “prego” de uma forma semi-inesperada. Semi, porque o especulador sabia o que ia acontecer, inesperada porque o especulador não previa que o estalo seria assim tão grande, levando à falência empresas supostamente sólidas. Uns quantos sabiam mas muitos lixaram-se.
Quando a especulação teve o efeito de backlash, os causadores da mesma assustaram-se e o preço do petróleo caiu brutalmente. Pode-se, assim, inferir que a diferença entre os usd 90 e os usd 150 (números arredondados) representa a diferença entre o valor real da matéria-prima e o valor especulativo. Este diferencial reflectiu-se, logicamente, no preço final do litro de combustível e vemos que o valor especulativo – que contribui para os lucros sacrossantos e fabulosos do “homem de negócios” – continuam bem e de boa saúde. E voltamos à questão do mamute…
Supostamente, este animal peludo e de grande porte, deveria proteger o consumidor da predação desenfreada de que é vítima por parte das empresas. Mas o que ele faz, na realidade, é ficar sentado à espera que passe a idade do gelo e se reforme. Não me parece que a presença do presidente da AdC, com a sua ida ao Parlamento, vá adiantar muito para além do discurso de:
- “Não temos provas que sustentem a acusação de cartel”,
- “A definição de preços está para além do controlo dos operadores”,
- “Não existem evidências de troca de informação comercial entre os diferentes operadores” ou
- “Não podemos falar em concertação de preços”.
Mais uma vez a montanha vai parir um rato! Fica bem aos partidos da oposição fazer este pequeno “teatrinho” para mostrar trabalho, tal como fica bem ao ministro Manuel Pinho vir dizer que está atento ao mercado e que se o preço não baixar ele até vai actuar. Esta, do Manuel Pinho, teve piada. A sério! teve mesmo. Então ele e os seus amigos (independentemente do espectro político) andaram a apregoar a liberalização do mercado – e, infelizmente, tenho de admitir que eu fui um dos que pensou que até era uma boa ideia – e o completo divórcio, da parte do Estado, com uma Legislação completamente selvagem em termos de liberdade dada aos operadores, e agora vem dizer, de uma forma Quixotesca, que ele está atento e vai intervir? É para rir ou para arquivar e depois aplicar numa qualquer telenovela a ser produzida pela TVI.
Será que o homem estava a considerar nacionalizar de novo? É que até nem acho que fosse má ideia, desde que ao nacionalizar não fosse mais uma vez o contribuinte a pagar as incríveis indemnizações que o Estado iria pagar, por cobardia.
Como considero que não se pode apenas falar sobre este assunto sem apresentar algumas alternativas ou soluções, aqui vão umas sugestões para o mamute:
Primeira medida: regular o valor de venda, isto é, impedir que o valor seja apresentado em milésimas de euro (que não existe) e obrigar à venda ao cêntimo como unidade mais pequena de dinheiro. Uma coisa é vender a 1,433 euros/litro, outra é 1,43 euros/litro. É que se um operador vender a 1,433 e um outro a 1,434, para efeitos legais não há concertação de preço, uma vez que a diferença está no milésimo, mas o efeito REAL na venda é exactamente igual e, por consequência, concertado: o consumidor paga a 1,43 ou 1,44 dependendo dos arredondamentos e das regras menos claras para a sua realização.
Segunda medida: na cadeia de construção do preço final, pedir aos diferentes elementos da cadeia de refinação, transporte e distribuição os custos REAIS de cada um deles, considerando:
Custo da mão-de-obra;
Custo do investimento;
Custo financeiro do equipamento;
Custo da operação realizada;
Valor da unidade tempo para efectuar a actividade;
Custo da aquisição da matéria-prima.
Com estes elementos em mão, verificar o peso de cada um deles (antes de impostos) e atribuir uma margem de lucro líquido, nunca superior a 7% da facturação, dependendo esta percentagem do “peso” de cada um dos factores. Sobre este valor adicionar a carga fiscal nacional et voilá, chegar a um valor final, de venda ao público.
Terceira medida: definir, com exactidão e clareza, qual é o factor primordial para efectuar os necessários ajustes de mercado. Com esta medida, procura acabar-se com a brincadeira de “sobe o petróleo, aumenta-se o preço do combustível, baixa o petróleo mantém-se o preço por causa das dificuldades de refinação”. De certa forma podemos dizer que as dificuldades de refinação são mais ou menos estáveis. Todas as refinarias têm um limite de produção e este não é alterado pela maior ou menor subida do preço de petróleo. Quanto muito, a capacidade de refinação poderá ser afectada por condições climatéricas (na zona de inserção das refinarias, como é o caso dos EUA, que muitas estão sujeitas aos caprichos dos furacões) ou por avarias graves em unidades de refinação. Na equação, os custos de refinação são mais estáveis do que as entidades querem fazer transparecer e há que ser exigente na selecção dos critérios de alteração de preço dos combustíveis.
Quarta medida: considerando os elementos recebidos pelos operadores e considerando os valores da matéria-prima, o preço final é actualizado semanalmente, por entidade ligada ao Estado e com os valores e cálculos publicados para controlo das entidades, dos diferentes operadores, do Estado e do consumidor.
Sei que a resposta principal a ser dada – caso fosse lida por alguém ligado ao mamute – é que as coisas não são assim tão simples e que o mercado, depois de liberalizado, não pode ser controlado pelo Estado. Mas o busílis da questão é que as coisas NÃO são assim tão complicadas como nos querem dar a entender e que o Estado é (e deve ser) SEMPRE o garante da estabilidade da Nação e que, independentemente de pertencermos à UE ou não, devemos ter a consciência que somos uma Nação independente.
Este último parágrafo é mais para vocês rirem. Isto porque os governantes portugueses já hipotecaram a nossa soberania à muito tempo, a troco de uns tostões e falta de coragem para, mesmo recebendo os tostões, defender o interesse do cidadão, e porque, em última análise, o grande beneficiário desta teia armada tem sido o próprio Estado que recebe dos impostos, recebe dos lucros e não pode ser responsabilizado por nada, graças à liberalização. Para muitos, isto pode parecer “pescadinha de rabo na boca” mas na realidade tratam-se de benefícios especulativos para as entidades e Estado e falta de coragem para agir em prole do cidadão, por parte deste último.
Resumindo: Estamos lixados!!!!
No meio desta sinistra cadeia de interesses, está o mamute, plácido, pacato e inactivo e incompetente, onde os cargos são nomeados pelo próprio Estado, grande beneficiário do imobilismo do mamute. É pior que um “nó górdio”, é criminoso… mesmo!
Se não sentiram saudades minhas, não há problema… estejam à vontade.
Aproveitei estes dias (meses?) para reflectir um pouco sobre generalidades e particularidades, enfim… uma seca!
Cada vez que penso nalguns assuntos fico um pouco baralhado e apesar de já ter escrito sobre a maioria deles continuo a ser assolado por algumas dúvidas existenciais. Vejamos alguns exemplos da Terra Estranha:
Segurança: Aqui está um assunto que preocupou o tuga enquanto o campeonato de futebol não re-iniciava. Sem futebol é o desespero, logo começa-se a pensar em assuntos sérios. Parece que o nosso “desinfeliz” canto à beira-mar plantado acordou para a realidade da violência. Parece, também, que do Brasil não vieram apenas as fulanas do alterne ou empregados de restaurante e/ou café de centro comercial, mas vieram também os tipos das favelas… Ahhh! Que espanto! A sério? Vieram mesmo?
Sim, vieram! e com eles veio um tipo de criminalidade violenta que nós pensávamos que só existia em filmes. E qual é a brilhante resposta do Governo? Simples… cosmética! Resumindo a política do Governo, podemos dizer que alguém com uma doença grave, em vez de ir ao médico (e provavelmente passar pela experiência traumatizante de lancetar um testículo) vai à cabeleireira, isto é, mantém a doença mas está muito mais “bem arranjadinho” e até fez um “brushing”! Por outras palavras, a resposta ao crime tem sido operações stop da GNR para apanhar uns tipos a conduzir bêbados ou sem carta. Rouba-se um banco, operação de stop na Ameixoeira; Mata-se uma pessoa numa ourivesaria, operação stop na Cascanhuda; Roubam-se bancos e sai mais uma operação stop no Colhanal (embora no caso dos bancos até ache que os assaltantes deveriam ser medalhados porque afinal já diz o ditado “ladrão que rouba a ladrão, tem 100 anos de perdão”).
Não interessa se o código penal está uma verdadeira “bosta”, não interessa se os juízes, que sempre se queixaram que estão impedidos de aplicar a prisão preventiva, aproveitem a primeira oportunidade para colocar um qualquer bandalho na rua com termo de identidade e residência, mesmo tendo sido apanhado em flagrante delito ou a transportar 14 bazookas. O que interessa é fazer mais um operação stop, de preferência com câmaras de filmar dos “abutres” dos media.
Crise: É pá! É que estou mesmo farto de ouvir falar na crise… todos falam na crise. Crise à esquerda, à direita, nos bancos, na energia, no ambiente, na política, em Wall Street, nas matérias-primas, no futebol, em suma, crise em todo o lado. Andam agora em pânico com a banca (lehman brothers e afins) e os analistas referem que é o falhanço de Wall Street e que deveria existir uma maior regulação do mercado, bla, bla, bla. Mas esperem lá?! Eram estes mesmos analistas que há uns meses atrás andavam a apregoar os sucessos e virtudes do sistema financeiro internacional. Eram eles que diziam que o mercado se regulava a si mesmo. Foram estes tipos que venderam a ideia que o Governo, enquanto garante dos direitos, liberdades e garantias de uma nação deveria acabar e que deveríamos passar a ter uma sociedade de corporações. Curioso!!! E afinal ninguém lhes chama incompetentes ou incapazes ou assassinos em massa… não!... são analistas. Por outro lado ainda, os privados andaram a vender ao mundo as virtudes da sua gestão, mas quando fica demonstrado o grau merdoso de incompetência que têm e o buraco financeiro que criaram já não consegue ser disfarçado, “aqui D’El Rei”, toca de dizer aos Governos para injectarem capital público – isto é, de todos nós – para salvarem as empresas que eles afundaram. Afinal parece que as nacionalizações voltaram a estar na moda.
Combustíveis: Já escrevi várias vezes sobre este tema e sobre estes escroques. No início deste ano referi que em 2008 iríamos assistir ao preço do barril a usd 150 no verão e usd 200 no final do ano. Quase que acertei no verão e o ano ainda não acabou. Engraçado é, de ver, que essas alimárias tanto especularam em nome do lucro fácil que quase lixaram a economia mundial e quando o caso ficou a cheirar mal o preço do barril caiu quase a pique para valores abaixo dos usd 100. Ficaram assustados? Foi? Ooooooo que pena! Mas como a terra estranha é um exemplo de gestão danosa vimos o energúmeno da GALP a manter os preços com a desculpa esfarrapada que o mercado dos refinados é diferente. Então deixa lá ver: sobe o preço do barril, aumenta a gasolina porque a matéria-prima está mais cara, baixa o preço da matéria-prima e o preço mantém (ou inclusive sobe) porque o problema está nos refinados. Há muitos anos que não via uma tão grande corja de mentirosos… mas devo ser só eu porque afinal o Zé povinho continua na sua mesma preocupação de sempre: Fado (pouco), Fátima (a 13 de Maio) e futebol (às carradas).
Quando ouço, na rua, os comentários que “a vida está má”, “é uma grande crise”, etc, costumo pensar nos estádios de futebol cheios, nos concertos da Madonna esgotados numa semana, no Algarve cheio de tugas sedentos, no IKEA a abarrotar ao fim de semana, nas 5 viagens ao espaço já reservadas por portugueses, nas lojas de roupa e moda mais caras que não fecham, antes pelo contrário e penso… não há quem os entenda!...
Um abraço
MS
p.s.: hoje não falei em motards, é que nem vale a pena estar a escrever para indivíduos que olham para a forma do texto mas não conseguem entender o conteúdo do mesmo… pena é que não sei fazer livros de banda desenhada… podia ser que entendessem!