Segunda-feira, 10 de Agosto de 2009

As idio(ti)ssincracias da extrema esquerda

Ora bom dia, tarde ou noite dependendo da hora a que possam ler este post.

 

Já escrevi sobre este tema antes, num post intitulado de hipócrisquerda. Convém no entanto que a ideia seja recordada face a vários episódios recentes dos quais dei nota.

 

 

1 – Joana Amaral Dias vs PS vs bloquistas

 

Tenho ouvido e lido uma série de notícias relativas ao caso Joana Amaral Dias (JAD). JAD. JAD, ao que parece, é também uma das cabeças pensantes (?) do Bloco de Esquerda, apesar de nem sempre fazer boa figura (salvo seja) quando vai à televisão despejar aquelas ideias trotskistas que já deviam estar arrumadas no sótão dop bisavô. Não deixando apesar de tudo de ser uma cabeça supostamente livre pensante, JAD decidiu nas ultimas eleições presidenciais apoiar um candidato (Mário Soares) preterindo o candidato do Bloco de Esquerda (BE), o patrono-com-discurrso-de-padreco-de-aldeia Francisco Louçã.  Tal valeu a JAD severas repreensões por parte do BE, por manifestas traições ao aparelho do partido.

JAD foi ao que tudo indica, convidada por um socialista para integrar as listas do PS para as próximas eleições legislativas, garantidndo-lhe um lugar não só elegível, como também passível de (des)governamentação. É certo que JAD é boa com’ó milho e óbviamente seria motivo de disputa por qualquer homem de bom gosto para efeitos reprodutores ou para efeitos de puro prazer apenas. Admite-se também, que como cabeça pensante (?) JAD intereessava às listas do PS, tal e qual um bom jogador de futebol interessaria a um Real Madrid ou meramente a um Benfica.

 

 

 

Porque é que JAD veio depois  chibar-se ao padreco, não se sabe. Porque é que Sócrates desmentiu que ela tinha sido convidada por um dos seus lacaios, também não se sabe. Idem idem para o padreco que num dos seus delírios morais insurgiu-se contra esta desalmada e despudorada ofensiva do PS para com uma das suas seguidoras do seu rebanho. Ou a memória é curta, ou estamos num daqueles casos flagrantes de hipócrisquerda.

 

 

2 – Leonard Cohen

 

É uma das minhas grandes referências musicais. Não podia pois perder o (magnífico) concerto que Cohen deu em Lisboa, no pavilhão Atlântico no passado dia 22 de Julho. O concerto foi Fa-bu-lo-so tendo, ao fim de quase 3 horas, deixado o pavilhão (cheio) num estado de quase-êxtase.

 

 

No dia seguinte, fico a saber, através do editorial do jornal Publico que houve manifestações contra o espectáculo de Cohen por parte de uma série de bandalhos com aspiração a intelectualóides de esuqerda que se insurgiu tipo Maria-ofendida à actuação do poeta cantante em Lisboa. Razão para tal, o facto de Cohen ter prevista na sua digressão cantar em Israel, e que tal seria uma afronta aos bonzinhos da Palestina...bom...eu não sei que dizer... talvez apenas sugerir que seja lido o editorial do Publico do dia 23 de Julho de 2009 que fala por si e que remete para a razõa dos leitores o facto de a estrema esquerda ser ainda, com laivos de arrogância misturada com valores pseudo-morais, uma ideologia hipócrita e com falta de memória.

 

Não se lembraram que em pleno regime salazarista, eles próprios pactuavam contra o regime para que as canções dce esquerda estivessem disponíveis aos ouvidos de quem as quisesse ouvir cantar, e não se lembraram também de enaltecer Sakarov, ou Soljynetskin quando estes denunciavam sistemáticamente e com toda a razão os crimes violentos cometidos pelos seguidores da sua ideologia na antiga URSS. Caso para dizer “Bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não o que ele faz”.

 

 

3 – Alberto João

 

Eu confesso que não gosto do estilo trauliteiro do Sr Alberto João Jardim, presidente do governo regional da Madeira há mais de 30 anos ou coisa que o valha. Julgo que a política deve ser comandada por pessoas que devem ser eficazes mas discretos, carismáticos sem cairem no populismo. No entanto, por alguma razão, os madeirenses têm sucessivamente escolhido Alberto João para que este comande os seus destinos, e do pouco que posso dizer das poucas viagens que fiz à Madeira é que há obra feita, e a qualidade de vida respira-se em vários síotios que não só o Funchal. Óbvio é que as eleições para o governo da Madeira são eleições livres e fiscalizadas não havendo pois lugar a resultados fraudulentos como acontece em muitos países.

 

Defendia Alberto João há umas semanas atrás que o partido Comunista ou os partidos de extrema esquerda deviam ser tornado inconstitucionais. A razão da argumentação de Alberto João prendia-se com o facto de a (grande) parte da nossa constituição estar ainda emanada do espírito revolucionário de 1974 / 1975, ou se quiserem, do período mais estúpido da nossa história recente onde Portugal conseguiu no espaço de um ano regredir aquilo que de menos mau tinha aquando da revolução. Dizia eu que a constituição proíbe partidos de extrema direita de concorrerem a qualquer tipo de eleições em Portugal. O conteúdo da mensagem de Alberto João, a meu ver, tem toda a razão da parte do mesmo. Pode ter errado quanto à forma, contudo, mas se formos a ver bem, não havia grandes hipóteses de analisar a questão por outros prismas.

A extrema esquerda, ou a sua ideologia, foi responsável por cerca de 100 milhões de mortos durante o sécuilo XX. Energúmenos como Estaline, Mao (Mau) Tsé Tung, Pol Pot, entre muitos outros líderes e cuja grande maioria acabou por tomar o poder à força, fez razia ao seu próprio povo através de coisas como as purgas ideológicas, os campos de concentração, medidas económicas disparatadas, etc. A história não lhes dá de todo razão. Mas estranhamente continua a haver uma espécie de iconização de muitos desses cabrões facínoras que sinceramente eu não entendo. Desde o livrinho vermelho de Mao (mau) à tão fartamente vista fotografia de Guevara. É principalmente por isso que os facínoras de direita devem ter direito a uma possibilidade de estarem inscritos nos boletins de voto. Não gosto, nem nunca votaria num partido extremista, e isso aplica-se à esquerda e à direita, mas convém sermos coerentes com a ideia de que a liberdade é para todos e não só para alguns. Isto soa a deja vu.

 

 

 

4 – O Fiel Castrador

 

Fidel Castro, ou o Fiel Castrador, manda em Cuba há cerca de 50 anos tendo implementado na ilha o comunismo, a que ele chama de revolução contínua. Fidel não gosta das democracias, e considera-se, claro está, um revolucionário de primeira água. Pode ser que o conceito de revolucionário signifique, dentro de algum tempo, nos nossos dicionários a palavra tirano, entre outros significados.

Nunca tive o privilégio de ir a Cuba. De ir à praia de quentes águas, de ver Havana, cidade património mundial, de conviver com a sua população que se diz feliz, de ouvir a musica que está entranhada no povo, de fumar uns verdadeitos puros, e claro está, ver até que ponto é que a dita revolução fez bem ou mal ao povo que nessa ilha habita. Claro está que sendo eu um anti-comunista (e também anti-fascista) desconfiava já, através de variadíssimos artigos que o país não estaria assim tão bem como muitos esquerdistas referiam-no como um paraíso (talvez paraíso político) à face da terra.

Nada pois como visitar o país e in loco, constatar até que ponto foi a revolução cubana boa para o seu povo.

Apesar de nunca ter ido a Cuba, a minha família (pais, irmão e respectiva família, e ainda a minha filha mais velha) foi este ano a Cuba. A viagem compreendia 7 noites num hotel em Varadero (onde cubanos que não sejam empregados do hotel estão proibidos de lá entrarem) e uma ida a Havana. Constatou-se que o povo vive amordaçado (alguma surpresa quanto a isso?) , que o ordenado máximo é de eur 12/mês, que a única profissão que tem direito a estatuto privado é a de barbeiro (mas atenção, essas mini-empresas de barbearia só podem ter 1 sócio), que a propaganda está em toda a ilha através de milhares de pinturas do Che e do Fidel ou músicas revolucionárias, que a polícia (política penso eu) está por toda a parte a controlar cubanos e não cubanos, ou que um simples acto de se sentar nas escadarias de um edifício público tem direito a uma repreensão por parte dessa mesma polícia e da obrigatoriedade das pessoas levantarem-se e se dirigirem a outro lugar. Em conversas secretas, a minha família ficou a saber que grande parte do povo não gosta ssim tanto do Fidel, vendo-se no entanto impotentes para fazerem algo contra pois já sabem que quem tem opinião diferente da do Castrador corre o risco de ser condenado à morte. Como parte da minha família era de esquerda antes de terem ido a Cuba, pode-se dizer que agora já não é assim tanto.

Educação livre e para todo o povo, hospitais livres e para todo o povo, potênica desportiva em muitas áreas ou bloqueio norte americano não passam de meros álibis para que Fidel faça o que quer, como quer e quando quer.

É isto o conceito de liberdade que Fidel e os seus acólitos um pouco em todo o mundo têm, claro está, sempre a pensar no bem estar do seu povo. É óbvio também que devido à já referida iconoclastia e até romantismo que alguma extrema esquerda provoca, que não haverá nenhum juíz no mundo, nomeadamente em Espanha, que se atreva a condenar Fidel pelos crimes cometidos na sua pátria, pelo amordaçar de um povo, pela miséria com que esse povo (sobre)vive, pela não liberdade proporcionada a esse mesmo povo, grande parte dele, nascido após a revolução, sem que saiba efectivamente o que se passa no estrangeiroo. Essas condenações ficam-se apenas pelos ditadores de direita como o Pinochet, que ao menos afastou-se do poder por sua vontade, tendo deixado o Chile como o país da América mais próspero em termos económicos. Onde é que eu já ouvi esta história dos critérios diferenciadores?  

 

 

5 – O PCP e a Coreia do Norte

 

Li há umas semanas no Público (não, não estou a fazer publicidade a esse jornal. É apenas o jornal que eu costumo ler) que a Coreia do Norte tem enviado dezenas de milhar de pessoas para campos de concentração, à boa maneira dos exílios forçados para a Sibéria que a velha URSS praticava. Aliás, o título do artigo era o Gulag coreano.

 

Básicamente quem vai para o Gulag são pessoas que se atreveram de uma forma ou outra a contestar o regime de Kim Jong Il ou que faltaram a uma qualquer obrigatoriedade imposta pelo (des)governo norte coreano. Estamos a falar de verdadeiras purgas onde em grande parte das vezes os presos acabam por morrer. Dúvidas quanto à existência desses Gulags não há. Felizmente as novas tecnologias, neste caso os satélites, não dão muitas hipóteses de poder-se estar a falar de outras coisas que não a efectiva prisão de milhares de norte coreanos. Curioso aliás que o regime, eplo menos que eu saiba, nem sequer contrariou estas notícias.

A ditadura norte coreana é pois responsável não só pela existência desses campos de concentração como também pela completa falta de liberdade do seu povo ou pelo ruir da economia desde há muito tempo. No fundo uma verdadeira catástrofe. Salvem-se claro está os avultados investimentos no plano militar, com direito possibilidades de terem a bomba atómica, e com a realidade de assim, controlarem o povo e mandá-lo sempre que para eles se justifique, para os referidos campos de concentração.

O nosso PCP defendeu há uns tempos que deváimos seguir os exemplos de Cuba ou da Coreia do Norte como países verdadeiramente socialistas. Palavras para quê? E ainda há quem os ouça e quem vote neles. O que seria se um qualuqer partido de direita invocasse os feitos de Hitler, de Mussolini ou simplesmente do Salazar. Teria direito a estar de fora de quaisquer corridas eleitorais. Onde é que eu já vi isso?

JLM

 

 

publicado por GERAL às 11:33
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