Segunda-feira, 20 de Outubro de 2008

O fim da crise, ou talvez não... sei lá! Legislativas regionais...

 

Finalmente acabou!
 
Finalmente acabou a crise… Hurrraaaa!
É que, sinceramente, já não podia ouvir mais sobre a crise. “Está a chover…”, é a crise; “Amanhã vou de comboio…”, é a crise; “A minha mulher não quer nada comigo…”, é a crise!
 
Agora que acabou a crise, e tudo voltou ao mesmo, o tuga pode voltar aos assuntos importantes da vida nomeadamente o futebol, a telenovela, o preço dos combustíveis, os talk-shows e reality-shows… em suma, pode voltar à sua “vidinha” complicada em que muito fala e pouco faz.
 
A questão da banca serviu apenas para que os privados – que estavam a perder lucros – pudessem respirar de alívio, manter os lucros mas desta vez com o requinte de ser à custa dos impostos directos dos contribuintes. A parte melhor é que estes mesmos contribuintes têm as suas contas nos bancos em dificuldades. Isto quer dizer que o contribuinte paga aquelas despesas de manutenção da conta, cartões, transferências, etc e paga também para salvar o banco que já antes lhe meteu a mão no bolso. Isto é que é! Paga para ter o dinheiro e paga para salvar o seu dinheiro… duas vezes é sempre melhor que uma. É lógico, também, que a regulação que todos esperam vai acontecer!!! Claro que vai! Com esta fase de nacionalizações o Estado vai poder regular… ao ficar quieto. Tenho ouvido e lido acerca da regulação mas não há nada concreto. Nem sugestões, nem soluções, nem opiniões; nada mesmo. E de todas as vezes que se menciona esse assunto começa logo a argumentação “agora ainda não é o tempo… temos de resolver a situação actual… primeiro temos de estabilizar os mercados… etc.”… É que estou mesmo a ver!
 
Mas hoje não quero falar da crise! Já chega da dita…
 
Hoje vou falar de coisas alegres como… como… como…! Ah! Já sei! Preços dos combustíveis…. Hummm…. É melhor não. E que tal sobre… sobre… Euribor? Também não… este é um tema delicado. É melhor esquecê-lo.
 
Já sei o que vou falar… eleições regionais dos Açores! Ora aí está… é isso mesmo.
 
Deu-se, este fim-de-semana, um evento de proporções europeias – quase ao nível da crise financeira – que foi a reeleição de Carlos César (não! Não é familiar do Julius que atravessou o Rubicão) com maioria absoluta. Que leitura podemos fazer? Algumas, que poderão ser interessantes:
  1. Apesar da maioria absoluta, o PS reduziu a percentagem – Não me espanta! É que apesar de os dirigentes do Partido Socialista serem, em linguagem erudita, uma verdadeira bosta a realidade é que a oposição não consegue apresentar-se como alternativa. A tradição portuguesa de oposição é, aliás, muito fraca e ineficaz. Parte sempre do princípio que oposição é dizer mal sempre de tudo, nunca reconhecendo mais valias quando deveria partir do princípio que oposição é pegar no que de bom qualquer governo faz (embora isto seja sempre difícil encontrar) e fazer melhor, mais rápido, eficaz e com menor custo para o erário público ao mesmo tempo que apresenta ideias inovadoras e melhores. Mas não… aqui no Magreb do Norte oposição é sempre sinónimo de contrário, de acabar com o trabalho anteriormente (bem) feito apenas para “mijar no canto”. Já anteriormente escrevi que o PSD conseguiu garantir a vitória de Sócrates (não! Não tem nada a ver com o filósofo… antes fosse!) em 2009 com a eleição da “avozinha” e agora começam a aparecer os efeitos. Mas mesmo com a vida facilitada foi possível verificar que a malta está farta do PS que governou 11 dos últimos 14 anos (se a memória não me falha) mas que fazer! Não há mais ninguém… ah pois é!
  2. Nacional versus Regional – Aqui temos a caricata situação em que vemos o PS tentar extrapolar este resultado para demonstrar a aprovação dos tugas enquanto vemos o PSD a proclamar que é apenas uma “coisita” regional. Na realidade estão os dois certos e, em simultâneo, os dois errados. Eu explico:
    1. Certos porque é uma região nacional… é verdade! Ainda não tem as dimensões das eleições norte-americanas mas lá chegará. Pelo menos com a quantidade de “americanos” recambiados dos states para os açores, aquilo já parece uma sucursal dos republicanos ou dos democratas. A verdade é que estas eleições são o espelho da falta de opções existentes (daí estarem certos) a nível nacional e são, também, um demonstrativo do peso regional do PSD e, consequentemente, uma antevisão das próximas legislativas.
    2. Errados porque os Açores não passam de mais um região nacional… ora aqui está mais uma verdade à Monsieur de La Palisse! Por muito que tente (com ou sem revisão dos estatutos) o PS não consegue dar expressão a Carlos César… até porque o homem também não quer. Se a madeira é do Jardim, os açores são do César e o segundo não consegue o protagonismo que o primeiro tem. Além disso convém salientar que, mesmo sem revisão do estatuto da madeira, esta ilha tem subido nos indicadores de riqueza da UE, equiparando-se a Lisboa e Algarve (as zonas mais ricas do país). Ora nos açores, mesmo a receber dinheiro do continente, nem uma ilha como as Flores ou Corvo se consegue desenvolver… e, desculpem lá açorianos, com o tamanho que as respectivas têm e com o dinheiro que recebem já dava para alcatifar as duas!
  3. MFL e o silêncio – o silêncio pode ser de ouro mas neste caso o silêncio é um disparate. A verdade é que o PSD teve dos piores resultados de sempre nos açores e acho que estava na altura da senhora começar a falar tipo canário. Passou pelos açores de fugida, sempre caladita, voltou, sempre caladita, e agora comenta os resultados, sempre caladita! A verdade é que tão “ilustre e iluminada” liderança está a ter os seus resultados e seguir as directivas do Prof. Aníbal não serve ao PSD e muito menos ao país. É que sua excelência, o P.R. já tem reforma do Banco de Portugal, reforma de professor universitário e reforma de ex-primeiro-ministro ao que adiciona o salário de actual P.R. por isso quanto menos mexidas existirem no país melhor figura ele faz. Além disso o homem está com os olhos postos num segundo mandato para poder adicionar a reforma de P.R. e se acontecesse a calamidade de não ser reeleito seria o primeiro a quem isso acontecia desde os idos tempos da revolução.
  4. O BE – pois é… estes é que a sabem toda. Tiram votos ao PS, ao PCP, ao CDS, ao PSD e a tudo o que mais por aí ande. Mas sou obrigado a concordar que são os únicos que têm feito críticas contundentes à actuação do governo.
  5. Abstenção – aqui é que a porca torce o rabo! Ninguém quer falar neste assunto! Ninguém quer referir que 53,3% dos açorianos inscritos nos cadernos eleitorais NÃO foi votar. Mais do que procurar sinais de vitória ou derrota deveriam analisar porque é que os portugueses teimam em não votar. Os jornais desportivos dizem – acerca da nossa selecção – que Queiroz alienou o apoio do público em 3 meses. O mesmo se pode dizer acerca dos nossos políticos. A sua alienação da sociedade portuguesa não é de meses mas sim de anos e a pergunta que deixo é a seguinte: que legitimidade tem o governo de Carlos César para governar quando a maioria da população não lhe deu aval (positivo ou negativo)? Mas eu não estou contra isso… eu até acho que deveriam ser mais a não ir votar! Muitos mais! A realidade é que só há duas formas para ensinar a classe política: uma é pela violência com greves, revoluções, guerras civis (que acho que não vale a pena) e a outra é pela sua total ignorância. Nas próximas legislativas NÃO vão votar. Se só lá for 10% da população, que fariam eles? Creio que esta deveria ser a análise prioritária e não se é uma vitória nacional ou regional.
 
Este contínua a ser o eterno país adiado. Andamos a discutir o sexo dos anjos e os pacóvios ainda alinham nisso. Somos o país que nos últimos 27 anos, tivemos 17 anos de crescimento de 1%, temos um orçamento para 2009 que aumenta a despesa pública para mais de 46% do PIB, mas cujos cidadãos acreditam nos louvores do simplex… enfim, que dizer… somos Portugal, no seu melhor, infelizmente!
 
Abraço
MS
publicado por GERAL às 14:53
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