Caríssimos leitores,
Muito boa tarde/dia/noite a todos. Acho que é chegado o momento, agora que se aproxima um novo ano, de falar no maior de todos os demónios do mundo ocidental e das suas prósperas economias: a inflação.
Todos os anos os povos são vítimas de algo que não conhecem bem e que não tem face visível, essa coisa terrível que nos arrasta, a cada ano que passa, a caminho do descalabro financeiro.
Um grupo de indivíduos afirma que inflacção é, em
economia, a queda do
valor de mercado ou
poder de compra do
dinheiro. Isso é equivalente ao aumento no nível geral de preços. Inflação é o oposto de
deflação. Inflação zero, ou muito baixa, é uma situação chamada de
estabilidade. Em alguns contextos, a palavra inflação é utilizada para significar um aumento no suprimento de dinheiro, o que é às vezes visto como a causa do aumento de preços; alguns economistas (como os da Escola austríaca) preferem o primeiro significado, ao invés de definir inflação pelo aumento de preços. Assim, por exemplo, alguns estudiosos da
década de 1920 nos
EUA referem-se a
inflação, ainda que os preços não estivessem aumentando naquele período. Mas de um modo geral, a palavra
inflação é usada como aumento de preços, a menos que um significado alternativo seja expressamente especificado. Outra distinção também se faz quando analisam-se os efeitos internos e externos da inflação: externamente, a inflação se traduz mais por uma desvalorização da
moeda local frente a outras, e internamente ela se exprime mais no aumento do volume de dinheiro e aumento dos preços. de preços
Aqui há uns dias atrás sugeri num almoço de amigos que a inflacção (como conceito e como existência) deveria ser abolida das economias. A posteriori, a falar com alguém da área económica alvitrei a mesma ideia e, após o olhar de horror por tal blasfémia, foi-me de imediato dito que se assim fosse não existiriam aumentos de salário. Por mim tudo bem, uma vez que também não existiria aumento de preços.
A realidade da Terra Estranha é um pouco desfasada daquilo que considero que deveria ser a normalidade. Entendo que por normalidade devremos considerar que se a inflacção é definida como 2% então os bens de consumo deveriam aumentar proporcionalmente e que, em condições óptimas, os salários deveriam aumentar marginalmente acima dos 2% por forma a garantir a melhoria da qualidade de vida.
Ora, a realidade tuga agride-nos com uma violência imparável de ano para ano. A verdade é que os aumentos de preços nunca respeita os 2% a não ser como mínimo valor e os salários aumentam sempre menos que esse valor evidenciando uma constante degradação das condições de vida.
Há dias, de passagem por uma das catedrais do consumo – o Centro Comercial – resolvi tomar um café. Recordo-me que nesse mesmo local, o valor do café era de 55 cêntimos (valor já de si bem acima do valor real do produto, das injecções de energia na sua transformação e do prazer relativo do seu consumo) e que passou para 60 cêntimos. Pelas minhas contas isso representa um aumento de mais de 10% apenas porque é entendido que em Portugal não deveria existir moedas de 1 e 2 cêntimos. Se a inflacção fosse aplicada, o café passaria de 55 para 56 cêntimos mas, no entender da alimária proprietária do estabelecimento, há que facilitar os trocos. Mas eu não quero saber de facilidades de trocos, as moedas existem para isso, para dar troco e as unidades de euro só devem servir para anunciar a TV plasma modelo xkz-1 pelo modesto de valor de 999,99 euros – a maneira simpática de dizer que não são 1.000.
Mas voltemos ao busílis da questão: é que o proprietário do estabelecimento está a especular de forma criminosa, tabelando aumentos de 10% mas de certeza que em termos de aumentos de salários referirá que neste ano que se aproxima só pode aumentar 1,5%... é a crise!
Posso, facilmente, apontar numerosos exemplos de situações semelhantes: basta ver os combustíveis, ver o proposto aumento da electricidade de 15% mas que diminuiu apenas para 6%, etc etc etc. Mas no entanto, continuamos a verificar que os aumentos salariais apenas andam pelos valores de 1% ou 1,5%... porque é a crise!
Voltando à conversa que tive com a tal pessoa de economia, passado o horror momentâneo, aquela sensação de falta de ar e as palpitações cardíacas após tão vil sugestão da minha parte, a reacção é passar ao terror disfarçado e emocional, isto é, não haveria aumentos. Mas se não existiriam aumentos, então não haveria necessidade de aumentar os bens de consumo, logo haveria uma interrupção da degradação das condições de vida.
Podem sempre referir que a inflacção é um motor da economia mas a pergunta que se faz é: motor de quem e para quem? A realidade é que o Governo de cada nação é soberano e tem como desígnio a protecção daquilo que compõem as nações: Território, Cultura e Lingua Comum e, finalmente, Cidadãos.
A defesa do território passa pela existência de forças que o protejam de inimigos externos ou internos, nomeadamente pela existência de exército e polícia. A defesa da Cultura e Língua Comum é feita pelos processos educativos de cada País que difundem a sua história e maneira de ser pelos mais jovens. A defesa dos Cidadãos passa, sempre, pelo seu bem estar e modo de vida. O primeiro e segundo caso, com alguns soluços e sobressaltos, têm sido conseguidos na Terra Estranha mas quanto ao terceiro caso já não é bem assim.
Entende-se, na Terra Estranha, que a protecção dos cidadãos passa pela construção de um aparelho Legislativo repressor e retrógrado e por uma constante exploração do mesmo em benefício de um Estado que, mesmo cobrando impostos, obriga ao pagamento dos restantes e fundamentais princípios de sobrevivência como saúde, educação, etc. Mas infelizmente a unidade de medida aqui (como em qualquer ponto do mundo) é o dinheiro e essa preocupação o nosso Governo aparenta não ter.
Voltemos à inflacção. A realidade é que o valor que pagamos por todos os bens não reflecte aquilo que na realidade eles valem. Se forem a um hipermercado, olharem para as prateleiras e verificarem os preços interrogar-se-ão se um valor pedido corresponde à realidade. É minha opinião que a esmagadora maioria dos bens vale cerca de metade do que aquilo que nos cobram mas o efeito pernicioso da ganância humana faz com que se inventem e criem conceitos e fórmulas de cálculo para justificar os mecanismos de preços.
A maioria dos economistas dirá que existe o valor real e o valor que a pessoa dá a um objecto e são estes dois factores que definem o preço. Isto é, é o valor da matéria prima + o custo energético da sua transformação + o custo do trabalho na sua transformação + mais o transporte/distribuição até ao consumidor + o VALOR que o CONSUMIDOR lhe atribui que lhe confere o valor final de custo.
Sei que é uma forma simplificada – pelos padrões economicistas tão em moda mas acredito que as coisas não são muito complexas, são simples até ao momento em que aparece alguém a querer ganhar dinheiro com isso – mas a realidade é, como é que esses animais podem atribuir um valor expectável para algo que é tão volúvel como uma emoção? De uma forma mais simples ainda: o valor que um gajo atribui a uma foda varia consoante gosta de foder ou não... mas mesmo o gajo que não gosta, alturas há em que lhe apetece loucamente dar uma e outras não. Ou seja, a puta, antes de fazer o preço terá que lhe perguntar “Ó querido, tu hojes queres muito ou pouco? Se for muito custa 20 euros a mamada, se fôr pouco são só 15 euros”.
A realidade é que a inflacção é um falso problema, ela só existe de um ponto de vista teórico e artificial, servindo apenas o benefício de alguns e, em última análise, a contínua pressão exercida sobre as multidões de cidadãos que, assim, não têm tempo para pensar sobre as “benfeitorias” propostas pelos Governos. É fácil acabar com a inflação, basta querer... mas o problema é que os patrões dos políticos, esses, nunca vão permitir tal blasfémia.... e os patrões dos políticos não são os partidos nem os eleitores!
Um abraço
MS