Contos e Descontos da Vida na Terra Estranha...
Algures na Europa existe um pequeno país, um reduto irredutível, que resiste orgulhosamente à invasão do Desenvolvimento Económico e Social...
Realmente Maio é um mês que deixa poucas saudades, já não bastava a conjuntura económica e social que se instalou em regime “duracel”, defrontamo-nos, ainda, com alterações climáticas, aquelas que supostamente viriam daqui a uns anos... pois, já chegaram! O Inverno insiste em passar a Primavera connosco!
Se calhar até não é mau, como se costuma dizer, ao jeito muito português, “Deus escreve direito por linhas tortas”, ou em tom mais popular (não confundir com o PP) “Há males que vêm por bem”. Assim, não caímos na tentação de ir para a praia apanhar Sol, Sol esse que “não está para brincadeiras” (outra frase muito popular), deixam de existir as típicas filas intermináveis de automóveis, poupam-se litros de combustível, que já custa “os olhos da cara” (expressão interessante esta), evitamos as queimaduras solares e respectivos cancros de pele, etc, etc...
Tudo muito deprimente...
Como não podia deixar de ser, “um mal nunca vem só” (mais uma pérola mundana), começam agora a chegar os resultados, em relatórios da Comunidade Europeia, destes anos de governação Socratiana (não confundir com Socialismo). Aparentemente foi tudo mexido e remexido, estilo ovo mexido, tantas medidas drásticas, impopulares, rígidas, de aperto, de controlo extremo, de “sei lá mais o quê”, em nome do equilíbrio, da consolidação e do desenvolvimento sustentável, para quê?... enfim, conseguimos estar, ainda, PIOR!
Pelos indicadores Europeus, aquela gente trabalha que se farta e observa tudo à lupa, conseguimos a proeza de:
1)Estar no tecto salarial dos que menos ganham na Europa – Não se iludam, o objectivo é competir com a China, o que quer dizer que ainda estamos muito acima do resultado final (é preciso, não, é urgente reduzir ainda mais os salários!);
2)Termos o índice de produtos mais caros da Europa - esperavam o quê? Quando não se produz nada e só se aposta nos serviços, temos valor acrescentado, nos preços, claro;
3)Quanto a combustíveis... Viva Espanha! (Há outros post’s neste blog mais interessantes sobre o assunto);
4)Mas somos os que temos mais portagens na Europa por Km – como somos pobres temos de financiar as infra-estruturas e oferece-las aos privados para que sejam estes a explorá-las, ou será a explorar-nos?
5)Temos a maior assimetria salarial da Europa, com o maior fosso económico entre ricos e pobres (quase se conseguiu acabar com a classe média – Vá lá, senhores governantes, é só mais um pouco! Continuem no bom caminho!);
6)Desemprego oficial alto, não oficial (ou seja, aqueles que já não têm direito a subsídio e não fazem parte das estatísticas, que estão em “cursos de formação profissional financiada”, etc), absurdamente alto, muito provavelmente na ordem 15% - mas, Tttttccchhhiiiiuuuuu!!! Não é politicamente correcto falar nisso...
7)Menor índice de crescimento do PIB, sinceramente, eu acho que já entramos em recessão, mas com o aumento sistemático dos preços dos combustíveis, das taxas, dos preços dos produtos, etc, fica tudo camuflado. Não falando na absurda taxa de inflação oficial, 3% - Onde? Só se for no preço dos políticos... O cabaz de produtos deve ser escolhido a “dedo”;
8)Temos vindo a perder capacidade de atrair investimento estrangeiro (porque será? Cada vez estamos mais flexíveis laboralmente, ganhamos menos que os outros... é um mistério), o ano passado perdemos 50% do investimento face a 2006, que já tinha sido um ano mau. Mas afinal não era este um dos principais pressupostos deste governo? Íamos captar todo o investimento que existe por aí, era só anúncios de novos contratos, afinal...
9)Em educação, aqui raia o limite do absurdo, com tanta, mas tanta (só me ocorre uma palavra) porcaria que já se fez... e continuamos na cauda da Europa. Brilhante!
10)Segurança... bom, talvez o termo adequado seja insegurança. A criminalidade está a aumentar a passos largos, segue o exemplo de quem manda, mas neste patamar utiliza-se o termo corrupção, e o que é que fazemos?
11)Em Saúde... Inacreditável! Perdi a vontade de continuar...
Em resumo, conseguimos sair da classificação de país em desenvolvimento e entrámos na gloriosa liga dos países subdesenvolvidos, é caso para dizer:
Muito Obrigado Sr. Primeiro-Ministro!
Inevitavelmente, esta conjuntura reflecte-se em tudo o resto, não só no que nos rodeia, como dentro de nós próprios. Claro que a violência, a intolerância e o isolacionismo disparam, mas aumenta também o “futilísmo”, a hipocrisia, o egoísmo e, o pior de tudo, entramos no reinado das “aparências”.
Acham mau? Pois, mas parece-me que isto não vai ficar assim. Estamos à beira de regressarmos aos tempos áureos das “convulsões sociais”: guilhotinadas, guerras civis, guerrilhas urbanas e afins. “Os bons velhos tempos”!
Já tinham saudades? Ah! Não se lembram desses tempos, mas se lerem um bocadinho de História (a sério, ler não dói e até pode fazer bem), vão ver que está lá muita coisa deste género, e algumas com menos de 100 anos.
É pena já não termos Bom Tempo, Sol, praia... Assim, ainda nos arriscamos a perder o comboio da convergência com os nossos primos do Brasil. Só a chuva estraga tão nobre propósito.
Bem, já que temos chuva... Olhem, Parafraseando um refrão dos Engenheiros do Hawaii,
“Que a chuva caia como uma luva
Um dilúvio um delírio
Que a chuva traga – alivio imediato
Que a noite caia de repente caia
Tão demente quanto um raio
Que a noite traga – alivio imediato”