Ora viva meus amigos, hoje venho falar de um tema menos virado para as lides da gestão e do contexto sócio-económico do país, mas talvez muito mais profundo e importante – Ser Pai.
Quem sou eu para vir aqui dar lições ou para sugerir comportamentos a ter com os filhos, mas sou pai, tenho dois olhos na cara e não consigo ficar indiferente a determinadas “coisas” que vejo.
Este registo vem a propósito de um mail que me chegou à caixa do correio, com um artigo de uma senhora que defendia o facto de ser “Boa Má Mãe”.
Boa Má Mãe!
Isto é complicado, contraditório, no mínimo absurdo.
Vou só explicar um pouco mais, ela enaltecia o facto de ter sido “Má” para os filhos com o objectivo de os educar melhor. Esta senhora dava resmas de exemplos: chapadas, castigos, invocar o “não”, oferecer outros produtos aos filhos em vez daquilo que pediam, não ver televisão, não jogos de consolas ou PC, não sair, obrigar a estudar, obrigar a cumprimentar os velhos, não dar doces, entre outras “atrocidades”.
Mas, no fim, os filhos cresceram bons e sãos, verdadeiros exemplos a serem seguidos. Segundo ela. Não está arrependida de nada, antes pelo contrário, foi Bom ser Má.
Isto é apenas um resumo, deturpado e propositado. A megera, quer dizer, a “Boa Má Mãe” gabava-se de realmente ter conseguido, com a força bruta e a intransigência, educar primorosamente os filhos. Mais, defendia que para se ser um bom progenitor tem de se ser “mau” para os seus rebentos.
Pois, lindo!
Só não percebi o que ela considerava de “boa educação”, “crescerem bons e sãos”, nem de “serem um bom exemplo”?
Será que as mães do Hitler, Pinochet, Mussolini, não gostavam também dos seus filhos? Será que elas não acharam que os educaram bem? Não serão eles, também, exemplos de sucesso?
Bom, parece que tudo depende do ponto de vista de cada um.
Eu sou um “Mau Bom Pai”: deixo ver televisão, deixo jogar jogos de consolas e PC, brinco, leio histórias, acompanho os estudos, dou brinquedos, dou miminhos, dou doces, raramente me zango, preocupo-me em lhe proporcionar experiências agradáveis, evito obrigar a cumprimentar adultos, etc.
O que é curioso é que todas as pessoas gostam da criança, tem tido sucesso na escola, dá-se muito bem com os pais, com os avós, com os amigos, é sociável, é feliz e tem muitos valores já incutidos como: a justiça, os maus-tratos, a generosidade, a partilha, o conhecimento, etc.
Engraçado não é?
Eu sou, na opinião desta senhora, um péssimo pai, mas o meu rebento também está educado e, pelos vistos, no bom caminho.
E no futuro?
Provavelmente os filhos da megera, ops, da autora do artigo vão ter muito mais sucesso, pois já estão preparados para a “selva” da sociedade em que vivemos. Ela se calhar tem razão, há que desde pequeninos ensinar como “ser filho da puta”, a “pisar os outros, com educação”, a “ser o primeiro a todo o custo”, a “fazer as “coisas” pela calada”, enfim a sobreviver.
Pelo meu lado, só quero a felicidade. Será pouco?
RdS