Sábado, 5 de Abril de 2008

Fobocracia... ou a Ditadura do Medo

Caríssimos leitores,
 
Muito boa tarde/dia/noite a todos.
 
Estou de volta! Outra vez... infelizmente para vocês que, inopinadamente, começam a ler estas linhas e vos dá uma súbita crise de azia.
 
Mas vamos ao que interessa... hoje resolvi escrever acerca de um tema escondido, proibido mas que, na sua exaltação, permite a perpetuação do que não interessa e, sobretudo, do calmo e pacífico adormecimento da sociedade. Não sei a quantos de vós isto aconteceu, mas eu por vezes interrogo-me porque continuamos a ser “agredidos” verbal, politíca e economicamente e nada fazemos. Deve haver uma razão para tal!
 
Um dia destes dei por mim a pensar na condição se se ser humano. Que temos nós de especial? Como interagimos? Que peso têm as nossas emoções? Seremos nós o resultado da sociedade e do facto de vivermos em comunidade ou esta é o resultado da nossa natureza? Como é que meia dúzia de indivíduos controlam milhares de milhões?
 
Enquanto ouvia música e caminhava pensava sobre isto e de repente estaquei! Estava estupefacto! A resposta é simples... pelo MEDO!
 
Mas como é que isto funciona? Afinal o que é o MEDO?
 
De acordo com os especialistas, medo é uma resposta emocional a uma ameaça tangível e real e deve ser feita uma diferenciação de ansiedade que é uma emoção que frequentemente extravasa os limites da ameça real ou perigo envolvido. O medo é uma das emoções básicas (como também é, por exemplo, a felicidade ou a raiva) e é um mecanismo de sobrevivência que normalmente ocorre como resposta a um negativo específico.
 
Mas como é que isto funciona em termos sociais? Como é que isto nos controla e nos deixa apáticos perante a vida?
 
Hoje vivemos a chamada Cultura do Medo, isto é, uma perceptível prevalência do medo e da ansiedade nas relações e discursos públicos que afecta o modo como interagimos com outros indivíduos e com os agentes democráticos.
 
Embora se possa argumentar que vivemos um tempo que é resultado da nossa história e mudança social, creio que actualmente se trata de um esforço consciente e direccionado, numa politica deliberada para induzir o pânico. Os motivos para a criação deste pânico deliberado variam mas assentam, sobretudo, num aumento do controle social que uma população desconfiada e temerosa oferece áqueles que estão no poder. Neste caso, os medos são cuidadosamente preparados e alimentados, frequentemente pela manipulação de palavras, factos, notícias, fontes ou informação de modo a induzir padrões de comportamento, justificar acções governativas (internas ou externas), manter os índices de consumo por parte da população, eleger políticos demagógicos ou distrair a atenção do público de alguns temas mais urgentes como pobreza, segurança social, desemprego, crime e poluição. Algumas das técnicas usadas para criar o pânico são as seguintes:
- Selecção cuidadosa ou omissão de notícias (alguns factos relevantes são mostrados e outros não);
- Distorção de estatísticas ou números;
- Transformação de casos isolados em epidemias sociais;
- Corrupção ou distorção de palavras ou terminologias, de acordo com os objectivos pretendidos;
- Estigmatização de minorias, especialmente quando associadas a comportamentos criminosos, comportamento degradante ou políticas de emigração;
- Excesso de simplificação de matérias complexas e multifacetadas;
- Inversão casual (transformar uma causa num efeito ou vice-versa);
- Fabricação de eventos ou factos.
 
Passo agora a mostrar alguns exemplos onde o processo de dramatização e pânico vai para além da ameaça real de modo a criar uma constante ansiedade nas populações (às quais os tugas não escapam, obviamente):
 
● Resistência aos antibióticos – Será que os virus se tornarão imunes aos medicamentos?
● Bio-engenharia – Será que alimentos assim criados terão um efeito negativo no ser humano ou trarão problemas ambientais?
● Implantes mamários – Será que vão rebentar?
● Telemóveis – Será que causam tumores cerebrais ou incendiam bombas de gasolina?
● Indústria farmacêutica – Quais são os efeitos secundários dos medicamentos?
● Proibição das drogas – Deverão as drogas recreativas ser legalizadas?
● Jogos de computar e música – Será que corrompem os jovens?
● Linhas de alta-tensão e electromagnetismo – Será que provocam tumores?
● Segurança alimentar – A nosso comida é segura e saudável?
● Internet – Será que a agregação de informação viola a privacidade?
● Armas ilegais e seu controle – Será que as armas, pela sua simples presença, provocam comportamentos violentos?
● Hackers – Irão eles ter acesso ao meu computador?
● Segurança no domicílio – Será que eu estou seguro em casa?
● SIDA – Qual é o grau de contágio da doença?
● Roubo de identidade – Será que alguém vai destruir a minha vida e substituir-me?
● Abelhas assassinas – Até que ponto são mortais?
● Raptos – Como podemos proteger a nossa família?
● Energia nuclear – Quais são os efeitos da radioactividade?
● Obesidade – Será a nova praga do hemisfério Norte?
● Tráfico de orgãos – Será que vamos acordar sem um rim?
● Buraco do ozono – Será que vai aumentar a incidência de tumores?
● Paganismo e bruxaria – Estará o cristianismo à beira da extinção?
● Pandemias – Andará por aí uma doença que irá alastrar sem controle e matar-nos a todos (gripe das aves é o exemplo perfeito)
● Pedofilia – Poderemos nós deixar os nossos filhos sair à rua?
● Pobreza – Será que um dia poderão atacar os mais ricos?
● Racismo – Como é que outras raças afectam a nossa população?
● Tabaco – Será que vamos todos sofrer de tumores?
● Reforma da segurança social – Será que o trabalhador de hoje terá uma segurança amanhã?
● Terrorismo – andam eles entre nós?
● Qualidade da água – Quais as toxinas nela presentes?
 
Estes são alguns dos temas que, nos últimos anos têm sido exacerbados quase até à exaustão de modo a criar um permanente estado de ansiedade. Desse modo, quando o status quo estabelecido afirma que está a criar regras para o seu controle nós, quais cordeiros para o sacrifício, prontificamo-nos a transferir a nossa segurança para as mãos deles, julgando assim ter conseguido obter uma maior segurança.
 
Não estou a dizer que alguns dos problemas acima mencionados não existam. De todo! O que estou a dizer é que foram todos eles exagerados de modo a satisfazer uma maior consolidação do poder de uma minoria. Não é de estranhar. Numa pequena analogia: compramos um cão e vamos ensiná-lo. Como o fazemos? Pela aplicação do nosso poder sobre ele e causar o medo para que o animal não repita comportamentos que entendemos desviantes. O mesmo é aplicado na actual acção social, isto é, uma muito pequena minoria exerce o seu poder e controle por intermédio do medo para evitar comportamentos desviantes da maioria que, em última análise, poderá por em causa o estatuto de quem manda.
 
Fazem-nos crer que vivemos numa democracia e vendem até à exaustão as suas virtudes mas na realidade vivemos uma Fobocracia paranóica e galopante que nos tolhe os movimentos e nos mantém num permanente estado psicológico de incerteza ansiedade. Desconfiamos do vizinho, do estrangeiro, da família, do outro e, em casos extremos, de nós próprios. Falamos, sempre, que a individualidade e privacidade é importante (com os amigos e colegas nunca discutimos nada que esteja relacionado connosco) mas no entanto estão a ser criadas as fundações para, a breve prazo, solicitarmos aos nossos Governos a implantação de um chip sub-cutâneo para nossa segurança. A visão de George Orwell, na sua obra 1984, não está distante. Entregaremos, com um suspiro de alívio, a nossa privacidade a um Governo que anseia por tal, que tem manipulado a sociedade de modo a que sejamos nós a pedir que tal prática se torne usual. Onde quer que vamos, o que quer que façamos será controlado até ao mais intimo detalhe, não em nosso beneficio mas sim no proveito da minoria, sempre com a ilusão que agora é que vamos ficar bem, sem medo.
 
E tudo com o apoio de uns tipos que, dizem eles, são o 4º poder e têm como preocupação a transmissão de informação. Refiro-me, claro, à comunicação social que não passa de um fantoche nas mãos de meia-dúzia de indivíduos e que veícula não a informação mas sim fobocracia. Vivemos numa ditadura, insidiosa e camuflada e por isso mais perigosa... a Ditadura do Medo!
 
É esta a sociedade que querem? Eu não! Irei fazer algo? Não sei! Mas sabem uma coisa? Estou perfeitamente convencido de uma coisa: viver é fácil e bom mas nós é que complicamos a vida de tal maneira que a tornamos num verdadeiro pesadelo.
 
Pensem um pouco sobre isto. Procurem fazê-lo sem preconceitos, apenas de um ponto de vista analítico e comparem com aquilo que se passa no nosso País... e verão que enquanto discutimos a violência nas escolas (que sempre houve e apenas demonstra o déficit educativo dos pais) esquecemos a pobreza, miséria, desemprego e desigualdades. Ou então preferem discutir a notícia da revista Lux, de mais uma festa de vaidades, do que a degradação dos salários.
 
Para terminar, gostaria de enaltecer a Igreja que, na sua sabedoria (estou a ser cínico, claro), conseguiu criar um sentimento de culpa em todos os católicos e levou a propagação do medo até ao ponto extremo... afinal o mundo vai acabar! Mas não se preocupem, o Teixeira dos Santos ainda vai cobrar um imposto a Deus por declaração de falência do mundo.
 
Um abraço
 
MS
publicado por GERAL às 12:21
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Terça-feira, 6 de Março de 2007

Museu…que nojo….Salaz...

Saudações a todos! Fiquei estupefacto ao ter conhecimento desta iniciativa. Um Museu sobre o Salazar! Sim senhor! A es...

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publicado por GERAL às 15:18
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