Boas Tardes!
O artigo de hoje vêm em defesa de algo que não devia ter de ser defendido mas, a Terra Estranha é assim, por isso resolvi escrevinhar sobre este assunto.
Eu ouço e vejo e, sinceramente, estou a começar a perder a paciência, para o que se diz dos licenciados neste nojo de país.
Pois é! Hoje em dia, ter um curso é quase um crime, um pecado digno de 500 Avê Marias.
Duvidam? Deixem recordar-vos. Vou reproduzir algumas frases, usualmente ditas, quando falamos nos Drs.:
1) Têm a mania que são mais do que os outros!
Por acaso até somos e que isso entre de vez na cabeça das pessoas. Se andamos a marrar 5 anos foi para alguma coisa, não acham?
Esta história de sermos todos iguais (ideais da Revolução Francesa) pode ser muito bonita e eu até a tenho defendido, mas perante as coisas que se têm dito dos licenciados e de quem as diz (normalmente seres por acaso semelhantes aos humanos), começo a reequacionar, seriamente, as minhas ideologias.
2) Não servem para nada!
Se calhar a maioria nem sabe o que anda a fazer nem com que objectivo, quanto mais avaliar as funções dos licenciados. Portanto, limitem-se a serem energúmenos profissionais e deixem em paz os outros.
3) Não sabem nada!
Esta, então, é de morte. Se, quem diz isto, não faz a mínima ideia do conhecimento de um licenciado, está a referir-se a quê? Se calhar ao que aprendeu na 4ª classe. Vou partilhar com vocês um exemplo, muito ilustrativo, do tipo de afirmação usualmente proferido por quem, normalmente, verborreia estas considerações: “Ao menos na minha altura sabíamos de cor as estações de comboio e as Serras!”
Realmente demonstra muita sapiência. Isto sim, puro conhecimento! Ó Senhores Professores Doutores, não se esqueçam de colocar estas matérias nos programas da faculdade!
Já estou a ver um médico, no seu consultório, a auscultar um paciente e a dizer: “Olhe o seu caso é curável, apanhe o comboio em Sta Apolónia e vá para a Serra do Marão. Assim morre longe e não chateia, porque eu não faço a mínima ideia do que tem, mas posso enumerar-lhe de cor as estações e os apeadeiros que existem entre Lisboa e o Porto.”
Ou então, um Engenheiro numa obra a falar com o dono: “Olhe, lá por o tecto ter caído, não quer dizer que eu não saiba de cor as Serras de Portugal. Aliás, se olhar com atenção, vai ver que é melhor não ter tecto. Assim pode apreciar a vista da Serra da Estrela, mesmo estando no Algarve”.
Isto são apenas uns exemplos mas, há mais! Temos, ainda, outras expressões, por exemplo esta, muito ligada ao mundo da Gestão e exclamada, muitas vezes, por quem tem cargos de liderança. Um verdadeiro ex-líbris: “Gerir é puro bom senso, o resto é conversa.”.
Isto normalmente é vomitado, em voz alta, por quem não é gestor ou economista, também, por isso, temos o país no estado em que está.
E nos empregos?
Bom, neste capítulo as coisas estão vergonhosamente absurdas. Temos autênticos “carroceiros” em cargos de topo e/ou em chefias intermédias. Ou seja, a escória da sociedade, aqueles que, por artes “mágicas” (isto para não usar termos mais brejeiros, como: “lambe botas”, “Yes Man”, “amigalhaços”, etc), surgem tipo cogumelos e que, quando se vêem com qualquer poderzito, a primeira coisa que fazem é “espezinhar” aqueles que estão abaixo na hierarquia.
Claro que a maioria nem sabe o que é um canudo, devem pensar que é uma espécie de telescópio, mas adivinhem qual o seu alvo de eleição? A sua principal função na organização? Chatear os licenciados! Com qualquer coisa, melhor, com tudo mesmo. Até a posição de “mictar” (mijar -para aqueles que não perceberam) no WC é alvo de criticas.
Aliás, os critérios de avaliação usados por qualquer líder da praça estão normalmente focados em 3 pontos: 1) Se chega antes da hora; 2) Se sai depois da hora; 3) Se diz sim a tudo. O resto é ficção. Conhecimento? Capacidade? Produtividade? Isso são tudo chavões que os Srs. Drs. Utilizam para enumerar estes 3 aspectos essenciais.
Pelo andar da carruagem, qualquer dia estamos a pedir desculpa por ter tido o desplante em perder tempo a estudar. Já me estou a ver numa entrevista de emprego: “Peço imensa desculpa, mas realmente na minha juventude fiz alguns desvarios e como resultado tirei um curso, espero que tenham em consideração o esforço que tenho feito para esquecer tudo o que aprendi.”
Outro aspecto curioso, é a política de emprego deste país. A maioria dos desempregados são licenciados, o que é estranho para um país que habitualmente fala na falta de qualificação da nossa mão-de-obra. A verdade é que os empregadores preferem mão-de-obra não qualificada. Assim, podem pagar as misérias que pagam.
Sei que muitos dos licenciados desempregados estão ligados às áreas das Ciências Sociais e que existe a ideia, mesmo entre outros licenciados, de que não servem para nada. Não concordo, acho que quem perdeu tempo a estudar pode desenvolver, com melhor performance, funções muitas vezes ocupadas por quem não estudou.
Estou-me nas tintas, quem não teve a arte ou o engenho ou a hipótese de seguir em frente nos estudos, azar! Agora, deixem-se de “merdas” e assumam a vossa insignificância. Ponham-se no vosso lugar e deixem em paz aqueles que se esforçaram por fazer alguma coisa.
Por outro lado temos a questão da educação, que também podia ser aqui incluída mas, acho que este tópico merece ser desenvolvido noutro artigo. Lá irei!
Em resumo, tenho habilitações superiores e tenho orgulho nisso. Não critico nem escarneço de quem não tem mas, estou farto de ver o contrário.
RdS
Bons Dias / Tardes / Noites. Cá estou de novo, eheheh! Um mal nunca vem só, não bastava o estado do país e ainda por c...